Cidades policêntricas’ e ‘hubs de 15 minutos’ devem ditar novos modelos de cidades e impactar infraestrutura, aponta estudo da KPMG

Elisa Costa, da Agência iNFRA

A próxima década deverá marcar uma profunda mudança nos modelos de cidade ao redor do mundo, devido à integração de novas tecnologias de informação e comunicação, com profundo impacto nas infraestruturas de serviços, que não poderão mais ser pensadas de maneira ‘monolítica’.

‘Cidades policêntricas’, com hubs nos quais em 15 minutos os moradores poderão estar próximos de suas principais necessidades, tendem a se desenvolver nestes próximos dez anos, mudando a forma como as cidades têm sido concebidas desde a revolução industrial, de maneira monocêntrica.

Essas são algumas das diretrizes que o estudo “Tendências Convergentes 2033: a visão de longo prazo”, produzido por líderes globais da consultoria internacional KPMG, indica como tendência para o setor de infraestrutura. O trabalho alerta para a necessidade de que empresas e governos se adaptem a elas.

“Nossa abordagem atual em relação às maneiras como a infraestrutura é priorizada, financiada, projetada, desenvolvida, operada e mantida passará por mudanças drásticas”, informa um trecho do relatório. “Governos e planejadores de infraestrutura precisarão começar a pensar em ganhos de produtividade e resultados entregues, em vez de capital investido e concreto derramado.”

A ideia dos hubs é criar estruturas que possam levar diversos serviços até as pessoas, em vez de elas se deslocarem até grandes cidades ou regiões metropolitanas para ter acesso a serviços. É um conceito de planejamento urbano que busca estabelecer a distância de no máximo 15 minutos entre a população e os serviços.

A pressão por esse novo modelo deverá vir da integração cada vez maior entre as infraestruturas e os serviços urbanos devido à digitalização, segundo o modelo, o que deve levar à pressão dos usuários por sistemas que sejam mais simples e personalizados.

“Ao invés de obrigar todo mundo a ir a um mesmo grande hospital, a prioridade será levar cuidados de saúde personalizados ao paciente”, exemplifica o trabalho.

“Vai acontecer”
Em entrevista exclusiva à Agência iNFRA, a sócio-diretora da KPMG, Tatiana Gruenbaum, afirmou que os hubs de 15 minutos são projetos factíveis, mas que não serão realizados a curto prazo.

“É algo que a gente entende que vai acontecer, mas não a curto prazo. Os hubs são muito interessantes, porém, para serem possíveis ou não, vai depender das cidades e da quantidade de pessoas que moram nessas cidades. Em uma cidade pequena, provavelmente as empresas não vão querer investir se não tiver incentivo”, contou Tatiana, que é líder do segmento de infraestrutura da KPMG.

O relatório, produzido anualmente, coleta informações globais a partir das experiências dos líderes do setor de infraestrutura integrantes da KPMG. Desta forma, são analisados temas relevantes, riscos e desafios, bem como a evolução de políticas. Nesta edição, o documento prioriza três segmentos que estão sendo debatidos ultimamente: Cidades, Sustentabilidade e Inovação.

Mudanças
Tatiana Gruenbaum explicou que o cenário das cidades está mudando, principalmente depois da pandemia de Covid-19. Este cenário, observado pela KPMG, mostra que a população começou a sair dos grandes centros para ir às cidades adjacentes ou de interior e que, com isso, o governo e entidades privadas passaram a investir mais nessas cidades adjacentes.

Como exemplo desses investimentos, a sócia-diretora citou o TIC (Trem Intercidades) Eixo Norte, leiloado no dia 1º de março deste ano: “Tivemos recentemente o leilão do trem que irá de Campinas até a Grande São Paulo. Esse projeto vai acelerar a qualidade de vida da população, mas também vai diminuir as emissões, pois teremos menos pessoas dirigindo”, destacou.

Segundo o relatório de tendências da KPMG, a era da produção em massa dará lugar a uma era de personalização em massa. Ou seja, em vez de construir ativos de infraestrutura monolíticos, que atendem ao cidadão médio, haverá uma inclinação para as infraestruturas menores, pensadas para atender às necessidades individuais de cada.

Investimentos no Brasil
De acordo com Tatiana, os investimentos são fundamentais para o crescimento do setor, e, para isso, as agendas públicas e privadas também devem estar convergentes com o tema. “O Banco Mundial diz que para um país emergente ter um crescimento na economia ele deve investir de 5% a 7% do seu PIB [Produto Interno Bruto], mas o Brasil investe de 1% a 2%. Isso mostra como ainda estamos distantes do que deveria ser.”

Ela ressaltou ainda que os diversos momentos de oscilação da economia no Brasil também afetam o andamento dos projetos, que geralmente são de longo prazo. “De 2003 a 2010 tivemos um crescimento nos investimentos em infraestrutura que foi muito forte. Em 2013, passamos por recessão, e só entre 2017 e 2019 voltamos a ter mais investimentos no setor”, finalizou.

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