Com 10 anos, terminal de minério no Porto do Açu espera ferrovia para aumentar mais a produção

Dimmi Amora, da Agência iNFRA

Mais de 160 milhões de toneladas de minério de ferro já saíram nos últimos 10 anos de um terminal portuário que, no início do século, era um projeto cheio de interrogações, dependente da construção do que seria o maior mineroduto do planeta. 

O sucesso da Ferroport, a empresa que opera o terminal portuário do Porto do Açu (RJ) para o escoamento do minério que vem de Conceição do Mato Dentro (MG) pelos quase 530 quilômetros de dutos, que ficou pronto apesar do ceticismo, poderia ser ainda maior se, nesta década, a infraestrutura de acesso tivesse evoluído ainda mais e recebido uma ferrovia.

Em entrevista à Agência iNFRA, o CEO da companhia, Carsten Bosselmann, explica que foram cerca de R$ 500 milhões investidos na primeira década da Ferroport. Com isso, o cais opera com 50% de sua capacidade e, investimentos relativamente simples para aumentar a capacidade do pátio, poderiam elevar ainda mais a produção, que alcançou quase 25 milhões de toneladas em 2023.

“O projeto foi desenhado para 26,5 milhões de toneladas. Ainda não chegamos por uma questão da mina. A Ferroport está pronta. Hoje, a ocupação do berço do porto é menor do que 50%. Metade do tempo do ano não temos navios para operar”, disse Bosselmann, lembrando que a Anglo American tem planos para fazer a ampliação da mina nos próximos dois a três anos.

No entanto, crescer mais além é inviável sem que o porto tenha um acesso ferroviário porque o transporte de minério por caminhões entre a região produtora e o porto nessas quantidades é inviável comercialmente. “Navio nosso são 180 mil toneladas. Não se traz isso por caminhão. Seriam 3 mil caminhões para um navio”, afirmou.

A Ferroport é uma joint venture entre a Anglo American, dona da mina, e a Prumo, que é a operadora do porto no norte fluminense. Segundo o CEO, a empresa tem o plano “Rumo aos 30!”, que consiste em até 2030 estar preparada para chegar aos 30 milhões de toneladas/ano, considerando que a mina e o mineroduto ainda conseguiriam chegar a essa produção.

Mais do que isso, no entanto, somente se a ferrovia que chega à região, concedida à FCA (Ferrovia Centro Atlântica) mas no momento inoperante, for reativada. Há um projeto para modernizar a ferrovia atual, que está em processo de renovação, e ligar a região do Açu às ferrovias que chegam de Minas Gerais pelo Espírito Santo. Há mais de uma década, no entanto, se discute essa solução, sem grandes avanços.

“A Prumo está trabalhando muito forte com os governos para revitalizar a ferrovia que conectava o Rio de Janeiro com Vitória. Aí sim ela chegaria ao Açu. A perspectiva de crescimento não só da Ferroport, mas do porto como um todo, vai ganhar uma velocidade muito maior”, indicou Bosselmann.

Investimentos em tecnologia
Enquanto espera por mais cargas, o dirigente diz que o terminal vem se aperfeiçoando com investimentos em pessoal, meio ambiente e tecnologia. Na área de pessoal, vem ampliando o desenvolvimento de lideranças internas e buscando a qualificação de mão de obra local, com treinamento próprio, com bolsas para trabalhar em diversas áreas da empresa. Segundo ele, todos os anos é possível absorver mão de obra local na companhia.

Na parte ambiental, a empresa comprou uma geradora eólica na Bahia e com isso consegue produzir com 100% de energia renovável (37 mil MWh). Neste ano, alcançou zero produção de lixo para aterros, o que foi certificado. Agora parte para projetos para descarbonizar os equipamentos que são usados para operação, dos ônibus que trazem empregados às máquinas.

É na tecnologia, no entanto, que a Ferroport aposta no seu plano de crescimento. Nesse campo, está em curso o projeto para uma nova gestão de ativos, investindo em equipamentos autônomos, capazes de separar os minérios por tipos específicos desde a sua produção até a chegada ao porto, o que aumenta a produtividade do terminal. E também numa gestão preditiva das máquinas.

“Estamos fazendo isso com algumas das maiores empresas do Brasil. Olhamos tudo o que tem a ver com os ativos. Estamos investindo R$ 30 a R$ 40 milhões só nesse projeto”, explicou Bosselmann.

Dedicado ao minério
Os sistemas de monitoramento são feitos com milhares de sensores que tentam preditivamente indicar problemas com as esteiras e reduzir assim os tempos de parada da operação, garantindo, segundo o CEO, uma disponibilidade de 92%. “Temos que estar disponíveis o ano todo, 24 horas por dia, sete dias na semana, porque o mineroduto não para”, contou.

O terminal é o principal da Anglo American no país e também é utilizado pela empresa, uma das maiores do mundo, na compra de alguns minerais no país. Mas, segundo Bosselmann, são produtos adicionais no mercado spot e a forma como o terminal foi criado, com uma ponte de três quilômetros com esteiras para levar o minério aos navios, deixa ele muito apropriado para esse produto.

“É bem dedicado ao minério de ferro a granel. Às vezes, a Anglo traz outros minérios. Mas outros produtos acho difícil [operar]”, disse Bosselmann.

O CEO também disse que, apesar da Ferroport olhar outros mercados e novos terminais, ele acredita que ainda é não é momento para a companhia entrar em novos terminais, como o futuro leilão da Área do Meio, o mega terminal de minério no Porto de Itaguaí (RJ) que será licitado em dezembro.

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