05/09/2025 | 20h29  •  Atualização: 09/09/2025 | 10h24

Com verniz de parceria, leilões em SP têm alfinetadas entre políticos

Foto: Flickr/MPor

Amanda Pupo e Marília Sena, da Agência iNFRA

No leilão que decidiu o grupo que ficará responsável pela construção e operação do túnel imerso entre Santos e Guarujá, autoridades dos governos Lula e Tarcísio fizeram discursos para exaltar a parceria entre as gestões para tocar o projeto, apesar das diferenças, mas não deixaram de cutucar seus adversários políticos, que acabaram sentando lado a lado no salão da B3 em São Paulo nesta sexta-feira (5).

O evento ocorreu numa semana quente para a política nacional, com o início do julgamento de Jair Bolsonaro pelo STF (Supremo Tribunal Federal), ex-presidente responsável por projetar Tarcísio de Freitas ao governo de São Paulo e por quem o governador foi a Brasília para negociar um projeto de anistia.

Tarcísio também é um dos cotados para disputar o Palácio do Planalto no próximo ano, contra a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva – embora reafirme a pretensão de tentar um novo mandato no Palácio dos Bandeirantes.

Ministro de Portos e Aeroportos nos primeiros meses da gestão Lula 3 e ex-governador de São Paulo, Márcio França inaugurou as alfinetas nas sessão de discursos após o leilão do túnel. Do púlpito, lembrou que a autoridade portuária de Santos – que fará o aporte federal na PPP do projeto – entrou para o plano de desestatização no governo passado, que tinha Tarcísio de Freitas como ministro da Infraestrutura e mentor do programa de concessões.

“O Porto de Santos era um dos portos que iria ser privatizado. E o presidente Lula retirou da relação dos portos privatizáveis. E ao ser um porto público é possível então colocar e aportar recurso como foi esse caso aqui”, disse França, que já anunciou seu desejo de disputar o governo de São Paulo no próximo ano com apoio de Lula.

Outros dois que repetiram a crítica sobre o projeto de privatização de Santos foram o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Ackmin, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad – outros dois importantes aliados de Lula para o tabuleiro eleitoral de 2026. Haddad ainda afirmou que o país estava “há muitos anos” sem investimento em infraestrutura.

“Muita coisa aconteceu para que essa obra fosse viabilizada. A primeira coisa foi o resgate do PAC (…) Ou seja, [essa obra do túnel] envolve dinheiro público, envolve uma estatal, uma autoridade portuária que permaneceu em mãos do Estado brasileiro”, disse Haddad, que no mesmo discurso rejeitou a ideia de que houve “disputa de protagonismo” pela obra do túnel. “Desde o começo, o diálogo do governo federal com o governo estadual foi republicano para viabilizar a obra. Ninguém ficou querendo sair na foto para deixar o outro para trás”, disse o ministro da Fazenda.

Já o deputado federal Alexandre Barbosa (PSDB-SP) cumprimentou Tarcísio por, durante sua gestão no Ministério da Infraestrutura, ter encampado a destinação do dinheiro das outorgas portuárias para as companhias docas, o que ajudou a robustecer o caixa da autoridade portuária de Santos. 
“O ministro teve a coragem e ousadia de determinar que o dinheiro de outorga portuária ficasse na conta da autoridade portuária para fazer investimentos importantes como esse que a gente está vendo no dia de hoje”, disse o parlamentar.

Já pela manhã, após o leilão do lote de rodovias Paranapanema, Tarcísio declarou que “obras que ficaram para trás estão sendo concluídas”, citando, por exemplo, o Rodoanel.

“Porque aquelas obras que ficaram para trás estão sendo concluídas. O Rodoanel vai ser entregue no ano que vem. A Linha 17 vai ser entregue no ano que vem. O esqueleto que ficou para trás vai ser entregue no ano que vem. O famoso monotrilho, aquela obra da Copa que completou anos parada, finalmente sairá do papel. No ano que vem, estará funcionando. Então essas dívidas do passado a gente está pagando. A gente está entregando, porque a gente acredita. Não existe impossível”, disse o governador. Alckmin era governador do estado no período que as obras citadas por Tarcisio começaram.

Resultados
Quem levou o projeto do túnel no leilão foi a Mota-Engil, que ofertou desconto de 0,5% na contraprestação que será paga pelo poder público, superando a proposta da Acciona, que não propôs deságio (0%). Portuguesa, a Mota-Engil tem como acionista a chinesa CCC (China Communications Construction Company).

O projeto é uma PPP (parceria público-privada) com previsão de investimentos de R$ 6,8 bilhões, tendo aporte público de até R$ 5,1 bilhões, dividido igualmente entre os governos federal e estadual de São Paulo. O contrato de 30 anos abrange a construção, a operação e a manutenção do ativo, que terá 1,5 km de extensão – 870 metros imersos.

Já o lote Paranapanema foi arrematado pela Infra BR V Missouri Holding III, do grupo Pátria. O maior desconto ofertado sobre a contrapartida do governo de São Paulo foi de 11,60%, superando as propostas apresentadas pelo Consórcio Viaja + São Paulo e CS INFRA, também participantes do certame.

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