Comercializadoras 2W e Gold deixam dívida de mais de R$ 3,3 bi no mercado livre de energia

Lais Carregosa, da Agência iNFRA

As comercializadoras 2W Ecobank e Gold Energia, ambas em recuperação, estão deixando juntas uma dívida de R$ 3,3 bilhões no mercado livre de energia.
 
Agência iNFRA teve acesso às tabelas de credores. No caso da 2W, que entrou em recuperação judicial na quarta-feira (23), o rombo é de R$ 2,2 bilhões. Já a Gold, em recuperação extrajudicial, deve pouco mais de R$ 1,15 bilhão.
 
Questionada sobre as dívidas, a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) disse que a 2W segue em “operação balanceada”. 
 
“A medida, que visa mitigação de riscos para o mercado, determina que as empresas só podem realizar novos registros, ajustes e validações de operações de compra e venda de energia elétrica mediante solicitação e autorização da CCEE, que, para tal, faz a verificação prévia dos respectivos balanços energéticos, a fim de evitar exposição financeira negativa”, disse.
 
A CCEE afirmou ainda que as empresas estão adimplentes com a organização, ainda que inadimplentes em relação aos contratos bilaterais. “Mantida esta situação, não cabe atuação da CCEE para instaurar ou tramitar novo processo de desligamento por descumprimento de obrigações.”
 
Por trás do rombo
As empresas argumentam que foram expostas à variação do PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) em 2024, diante do cenário de seca, e em 2025. No ano passado, o PLD variou do piso para o teto regulatório, saindo de R$ 61,07/MWh para R$ 716,8/MWh. Isso, segundo as comercializadoras, teria levado a uma crise de liquidez que comprometeria suas operações.
 
“Nem mesmo no cenário mais pessimista possível, como o pior período úmido dos últimos 93 (noventa e três) anos [em 2024], poderia se imaginar que a energia atingiria os valores atualmente praticados”, diz a Gold no seu plano de recuperação.
 
Já a 2W afirma que, junto à oscilação do PLD, a crise tem relação com investimentos em geração própria, cuja implantação sofreu atrasos por insolvência da empreiteira responsável, o que levou ao aumento de custos do projeto.
 
Plano da Gold
Em seu plano de recuperação, a Gold se propõe a pagar 2,5% da dívida com cada credor. Contudo, o valor global não poderia ultrapassar R$ 25 milhões.
 
Caso os credores aceitem a proposta, a empresa afirma que, ao longo dos próximos dez anos, vai pagar 85% do valor líquido de recursos líquidos em caso de “evento de liquidez”: receitas de leilões, ações, venda de ativos e procedimentos arbitrais, descontados impostos e despesas operacionais.
 
Procuradas, 2W e Gold não responderam até o fechamento desta reportagem.

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