15/08/2025 | 08h31  •  Atualização: 18/08/2025 | 11h17

Consórcio leva Rota Agro com 2º maior deságio em leilões desde 2023

Foto: DNIT

Sheyla Santos e Amanda Pupo, da Agência iNFRA

Ao propor o segundo maior desconto em tarifa de pedágio ofertado nos leilões rodoviários da gestão Lula 3, o consórcio Rota Agro levou nesta quinta-feira (14) a concessão de 490 quilômetros das BR-060 e 364, ligando os estados de Mato Grosso e Goiás, numa disputa com outros quatro grupos. A relevância do trecho para o escoamento agrícola impulsionou a disputa, que teve cinco participantes, e deu vitória ao consócio liderado pela Azevedo e Travassos, que ofertou deságio de 19,7% na tarifa básica de pedágio. 

O desconto só ficou atrás do proposto pela Motiva (antiga CCR) em dezembro do ano passado no leilão do lote 3 das Rodovias Integradas do Paraná, com 26,6% – ativo que igualmente chamou atenção do mercado rodoviário, com mais três concorrentes, pelo tráfego da safra. Dados divulgados nesta quinta-feira (14) pela Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) indicam que o país terá uma safra de soja de 170,3 milhões de toneladas, um recorde, com 109,5 milhões previstos para exportação.
 
No caso da Rota Agro, as duas pontas do trecho que agora será uma concessão viabilizam conexões ferroviárias para a carga: em Rondonópolis (MT) pela Malha Norte, da Rumo, onde está o maior terminal de grãos da América Latina; e em Rio Verde (GO) pela Norte-Sul, que também tem operação da Rumo.

A proposta inicial da Rota Agro Brasil – nome do consórcio liderado pela Azevedo e Travassos – propunha um desconto de 17,18% sobre a tarifa básica. A segunda colocada, a Way Concessões, ofertou 16,10%. As duas foram habilitadas para a etapa de viva-voz, na qual o leilão foi decidido. Também apresentaram envelopes para o ativo a EPR, com deságio de 10,8%, o Consórcio Rota do Cerrado, com 10,55%, e a VF Gomes, com 0%. 

Competição no 13º
A sessão desta quinta-feira, realizada na B3 em São Paulo, marcou o 13º leilão de concessão rodoviária do Ministério dos Transportes comandado por Renan Filho. Na área de rodovias, ainda foram feitas duas licitações simplificadas de contratos repactuados e o certame da ponte Internacional São Borja. 

Com modelagens que tentam frear descontos muito altos nas tarifas de pedágios, os ativos rodoviários têm recebido propostas econômicas mais moderadas nos últimos anos, especialmente em comparação com os leilões problemáticos da terceira rodada – que chegou a ter deságio médio de 50%, modelo do qual o governo tenta fugir para escapar do fracasso de uma série de concessões que ficaram sem sustentabilidade financeira. 

Nesse contexto, a oferta da Azevedo e Travassos ficou acima da média de deságio dos leilões realizados pelo governo Lula 3 até agora. Técnicos ouvidos pela Agência iNFRA observaram, por sua vez, que um desconto de até 20% ainda está numa margem segura para esse tipo de concessão. 

A jornalistas, Renan Filho destacou a concorrência no certame e o deságio “elevado” ofertado. “A gente pode observar um leilão competitivo, com um desconto elevado, inclusive superando a barreira que impõe o início de depósitos na conta vinculada do próprio projeto, o que garante a solidez para a execução das obras”, afirmou o ministro.

Renan Filho, no entanto, deu recado ao grupo vencedor, que é composto ainda pela Camaçari Fundo de Investimento e Participações Multiestratégia, pela Sobrado Construção Ltda e pela Gai Construção e Comércio Ltda, dizendo que a população espera pelo cumprimento do contrato. A líder do grupo, a Azevedo e Travassos, quando era construtora trabalhando para concessionárias, chegou a abandonar obras, o que ainda leva desconfiança de parte do mercado sobre a empresa. 

“Aproveitem a oportunidade de rentabilizar o capital dos investidores e oferecer, ao mesmo tempo, ao povo brasileiro, a infraestrutura que as pessoas esperam, cumprindo o contrato, da parte da iniciativa privada, assim como o Poder Público vai cumprir, do seu lado, aquilo que estabeleceu contratualmente”, disse.

O vice-governador de Goiás, Daniel Vilela, foi na mesma linha. “Temos a plena convicção de que farão também um grande trabalho (…) A vantagem é que nós temos o WhatsApp, conhecemos o endereço de cada um dos empresários que estão aqui presentes nesse consórcio para que a gente possa cobrar rapidamente os investimentos e as soluções comprometidas nesse importante leilão”, afirmou Vilela lembrando que o grupo também está em outra concessão no estado.
 
Investimentos
A Rota Agro Brasil vai precisar desembolsar R$ 7,26 bilhões para administrar o trecho em 30 anos de contrato, sendo R$ 4,4 bilhões em investimentos e R$ 2,8 bilhões em custos operacionais. O grupo da Azevedo e Travassos também tem em sua carteira a concessão da Rota Verde, em Goiás. O ativo foi arrematado em dezembro do ano passado com desconto de 18,07% no pedágio. Estão previstos R$ 6,87 bilhões em obrigações no contrato que abrange trechos das BRs-060 e 452 no estado. 

Além da recente atuação no campo de concessões rodoviárias, a companhia tem longo histórico em obras de engenharia, com negócios também na área de óleo e gás e saneamento ambiental.

“[Nós] nos consideramos uma empresa goiana e, agora, também somos [uma empresa] mato-grossense. Vamos contribuir muito mais com o desenvolvimento dos estados de forma sustentável e inclusiva”, disse no leilão o CEO do Grupo Azevedo e Travassos, Gabriel Freire. Entre as obrigações da nova concessionária estão 46 quilômetros de duplicações e mais de 100 quilômetros de terceiras faixas em pista simples. 

Agenda de leilões
Renan Filho disse que o governo espera contratar, de agosto deste ano a dezembro de 2026, mais de R$ 200 bilhões em investimentos para rodovias. Somando todo o mandato, a expectativa do chefe da pasta dos Transportes é finalizar a agenda de concessões com, aproximadamente, R$ 350 bilhões em novos contratos.

Renan comparou o volume de investimentos contratados nos leilões já realizados no atual mandato, algo na casa dos R$ 175 bilhões, com o volume de investimentos efetivamente realizados entre 1994 e 2022 por todas as concessões federais, estimados na casa dos R$ 125 bilhões, apontando para o que ele classificou como uma revolução no setor rodoviário para os próximos anos.

De acordo com o cronograma divulgado pela pasta para este ano, restariam, ainda, nove certames a se realizar, divididos em seis leilões – Lotes 4 e 5 das Rodovias do Paraná, Rota Sertaneja, Rota 2 de Julho, Rota dos Sertões e Rotas Gerais –, além da previsão de três repactuações – Autopistas Fluminense, Fernão Dias e Régis Bittencourt. Desses, seis estão aprovados pelo Tribunal de Contas da União para publicação de edital.

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