Consultoria projeta queda nas tarifas de energia em 2020 mesmo com más condições de geração

Lucas Santin, da Agência iNFRA

As tarifas de energia em 2020 deverão ter uma queda média de 3,08% em relação a 2019, segundo projeção feita pela consultoria Thymos. A empresa espera que o acionamento das bandeiras tarifárias impeça o encarecimento das tarifas, mesmo com cenário desfavorável à geração hidrelétrica, com alto percentual de GSF (sigla em inglês para o risco hidrológico) e elevado PLD (Preço de Liquidação de Diferenças).

“A gente estava esperando um PLD ruim e um GSF ruim para este ano. Mas você tem que considerar também que vai acionar a bandeira”, explicou a consultora Ana Carolina Silva. As bandeiras tarifárias servem para sinalizar ao consumidor sobre as condições de geração em cada mês. Espera-se que o mecanismo seja responsável pela arrecadação de R$ 5,6 bilhões em 2020.

A projeção foi feita com dados de novembro do ano passado. Por isso, não considerou a elevação do dólar, os novos valores das tarifas de Itaipu e o orçamento final da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), aprovado em dezembro pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) em R$ 21,9 bilhões. Foram usadas informações de 33 distribuidoras de energia. A redução tarifária é estimada em 1,12% para a baixa tensão e 2,81% para a alta tensão.

O GSF considerado no estudo é em torno de 80%. Os valores de PLD estão em R$ 368,51 por MWh nesta semana (de 4 a 10 de janeiro). “A gente já estava um pouco mais pessimista. Por isso o valor da bandeira. Porque eles são opostos: quanto mais pessimista, mais eu aciono a bandeira”, disse Ana Carolina. Ela destacou que as estimativas podem ser atualizadas durante o ano.

Quando as condições de geração estão ruins (por falta de chuva, por exemplo), as hidrelétricas não conseguem gerar o suficiente para honrar contratos já firmados. Recorrem ao mercado de curto prazo e compram energia pelo valor do PLD. Dessa forma, se o preço de liquidação está alto, a tarifa de energia tende a subir.

CDE: fator importante
Para Ana Carolina, a CDE é um importante fator capaz de mudar a projeção. O orçamento ainda pode sofrer alterações, caso a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) perceba que o valor não é suficiente. Esse foi o caso de 2018, quando a conta passou de R$ 18 bilhões para R$ 20 bilhões.

“Aí você está lá no final do ano e vem uma revisão da CDE. Então, a CDE pode ser um item que, embora já esteja decidido para o ano civil, ainda corre risco de poder se alterar, se a CCEE, que é a gestora do fundo, entender que os valores que vão ser arrecadados não vão ser suficientes”, disse a consultora.

Questões internacionais
Dos quase R$ 22 bilhões da CDE para 2020, R$ 7,48 bilhões serão para a CCC (Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis), que paga o diesel dos sistemas isolados. Por isso, os conflitos recentes entre Estados Unidos e Irã podem afetar o preço da energia no Brasil.

Apesar da expectativa de queda, Ana Carolina destacou que um aumento no valor do petróleo pode elevar a conta. “Algumas distribuidoras ainda têm contratos bilaterais com aquelas térmicas que são influenciadas lá pelo Brent, por conta do combustível. Então essas coisas aí que estão acontecendo nos últimos dias também podem alterar essa projeção”, observou.

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