Roberto Rockmann, colunista da Agência iNFRA*
A COP26 (26ª Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima), em Glasgow, na Escócia, que ocorrerá de 31 de outubro a 12 de novembro de 2021, deverá reforçar o papel do Brasil no cenário energético mundial. Isso já está fazendo o Instituto Totum, emissor local dos I-Recs (certificados de energia renovável), antecipar diversas ações, o que indica alguns sinais para o mercado das fontes limpas no Brasil.
A expectativa é de que os países acertem, definitivamente, na reunião, a criação de um mercado de crédito global de carbono. Isso dará uma vantagem ainda maior para o Brasil. Cada REC equivale a 1 MWh de geração renovável injetada no sistema elétrico.
Sem o consumo de renováveis, as empresas “gravam” em sua pegada de carbono cerca de 100 kg de CO2 (dióxido de carbono), um dos gases de efeito estufa, a cada 1 MWh usado no Brasil. Na Europa, por conta da matriz muito mais poluente, esse valor é cinco ou seis vezes maior. Isso levará a multinacionais investir cada vez mais no Brasil para reduzir sua pegada de carbono, seja com renováveis, seja de olho no futuro com o hidrogênio verde.
“Já vemos empresas colocando seus produtos no mercado com o selo de que foram feitos com energia renovável e estamos fechando com um banco que está adquirindo certificados de uso de energia renovável em todas as suas agências”, diz Fernando Lopes, diretor do Instituto Totum.
O Instituto Totum já está trabalhando para a criação de uma subsidiária que ficará responsável pela emissão dos certificados no Brasil. Hoje uma parte do trabalho é feita na Europa. Com a estrutura no Brasil, o custo pode cair entre 30% e 40%. Também está se trabalhando na emissão dos pioneiros I-Recs horários, que já poderão estar disponíveis nos próximos meses. Outra novidade serão os certificados de gás renovável, com foco em biogás e biometano, o que poderá atrair grandes empresas da área de gás natural que tenham interesse em reduzir suas emissões.
O Instituto Totum ainda está trabalhando para se tornar certificador independente de green bonds, os títulos verdes que estão atrelados a metas ambientais. Com a expansão do mercado de energia renovável, espera-se também que esses papéis tenham um forte crescimento no Brasil. Lopes viaja no fim de novembro para a Europa. Um dos assuntos em pauta será a criação de certificados voltados ao hidrogênio verde, um outro nicho que deve ganhar espaço no Brasil.