Diagnóstico da ANTAQ aponta pouca preparação de portos para receber embarcações de baixo carbono

Sheyla Santos, da Agência iNFRA

O “Diagnóstico de descarbonização, infraestrutura e aplicações do hidrogênio nos portos”, lançado pela ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) na última quinta-feira (31), aponta que os portos brasileiros têm pouca preparação para receber embarcações mais sustentáveis de baixo carbono.

Segundo o documento, que pode ser lido aqui, combustíveis com baixo teor de carbono, como biodiesel, GNL (Gás Natural Liquefeito) e MGO (diesel marítimo) ainda são pouco comuns nas instalações portuárias públicas e privadas brasileiras, onde há predominância de uso de combustíveis fósseis.

O estudo elaborado pela agência em parceria com o Ministério de Portos e Aeroportos e a GIZ, agência de fomento do governo alemão, aponta que, entre os TUPs (Terminais de Uso Privado) analisados, 74% possuem meta de redução de emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa). Nos portos públicos, esse número cai a 7%.

Inventário da ANTAQ
O estudo mostra que a adesão ao inventário de emissão de carbono também é baixa. Bruno Pinheiro, superintendente de Estudos e Projetos Hidroviários da ANTAQ, afirma que o objetivo da agência é lançar até o fim de 2024 seu próprio inventário, que servirá como um padrão de recomendações para o mercado.

“Quando a ANTAQ for fazer o inventário, a ANTAQ vai dizer qual o padrão dela, o que usei para escopo um, o que usei para escopo dois e o que usei para escopo três. A ideia é que isso vire um padrão nacional de como fazer o inventário”, disse o superintendente depois de apresentar o documento na sede do IBI (Instituto Brasileiro de Infraestrutura), em Brasília. “Para a gente ser comparável, um porto com o outro, a gente precisa de um padrão.”

Apesar do diagnóstico negativo, Pinheiro afirma que alguns portos se destacam com práticas mais sustentáveis, como os terminais de Itaqui (MA) e de Suape (PE), que conversam sobre ações de descarbonização de forma mais coordenada, por meio de uma aliança. “Portos que movimentam mais cargas e têm mais receita, mais impacto ambiental, estão mais avançados”, afirmou. “Em portos menores faltam recursos.”

O superintendente conta que os novos contratos já contam com práticas mais sustentáveis. Para os players que já atuam no setor, a agência ainda não trabalha com obrigações. Pinheiro avalia que é preciso primeiro avançar no diagnóstico da descarbonização para depois se pensar em regulação.

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