Elisa Costa, da Agência iNFRA
Uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que avalia a adoção de ações relacionadas à sustentabilidade na linha de produção das indústrias, apontou que o foco de investimento dos empresários industriais do Brasil nos próximos dois anos é o uso de fontes renováveis de energia, citado por 42% dos entrevistados.
Se observarmos por região, o Sul é a que mais tem foco em investimentos relacionados ao uso de fontes renováveis de energia, com 60%, contudo, a região Nordeste se destaca no uso dessas fontes, com 62% de ações tomadas, seguido do Norte/Centro-Oeste, com 61%. O Sul fica em terceiro, com 55% de ações tomadas dessa natureza e o Sudeste, com 45%.
Entre as ações prioritárias para as indústrias, o uso de fontes renováveis de energia aparece em segundo lugar, sendo citada por 33% dos entrevistados e ficando atrás somente das ações para reduzir a geração de resíduos sólidos, com 35%. Por região, o Sul é o que mais dá prioridade ao tema, com 44% de participação.
De acordo com Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da CNI, o Brasil se encontra na vanguarda da transição energética. “Temos elevada participação de fontes renováveis na matriz energética e segue em uma trajetória sustentável, ampliando e diversificando cada vez mais o uso dessas fontes”, contou.
Entretanto, mesmo a matriz energética do país sendo majoritariamente renovável, o estudo mostra que apenas 34% utilizam as fontes renováveis no processo produtivo, com queda de 5% comparado ao ano passado. Os dados também mostram que apenas 24% dos empresários investem e possuem projetos relacionados ao tema.
Com relação às demais ações de sustentabilidade, o estudo mostrou que 89% adotam aquelas para reduzir a geração de resíduos sólidos, 86% otimizam o consumo de energia e 83% otimizam o uso da água. Na otimização do consumo de energia, a região Nordeste fica em primeiro lugar, com 97% de ações, seguido do Norte/Centro-Oeste, com 92%.
Quando avaliadas as ações para mitigação da emissão de gases de efeito estufa, o Nordeste também tem a maior porcentagem, com 76%. Norte/Centro-Oeste contabiliza 57%, enquanto o Sudeste fechou com 54% e o Sul com 53%. Neste cenário, o porte é mais equilibrado, sendo que 59% das ações são de médias e grandes empresas e 57% são de pequenas empresas.
“A indústria brasileira é parte da solução quando o assunto é sustentabilidade e adaptação às mudanças climáticas. A nossa indústria, principalmente aquela intensiva em uso de energia, como a do cimento, por exemplo, já fez esse dever de casa e temos muito para compartilhar com o mundo”, destacou Ricardo Alban, presidente da CNI.
Outro destaque é que apenas 25% dos entrevistados têm conhecimento das metas anunciadas pelo Brasil na COP28 (Conferência das Partes), que vai discutir a mitigação das mudanças climáticas. O levantamento da CNI ouviu, entre os dias 3 e 20 de novembro, mais de mil empresários de todo o país, de pequeno, médio e grande portes, em todas as unidades da Federação.