da Agência iNFRA
A implantação do pedágio em modelo free flow em 25 quilômetros da Rodovia Presidente Dutra, na região metropolitana de São Paulo, é o novo grande desafio do sistema, um ano após ele ter sido iniciado no país numa concessão federal de rodovias.
É o que apontam os participantes do 2º Workshop Free Flow, promovido pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) na última terça-feira (28). A transmissão do evento pode ser vista neste link.
O contrato da CCR RioSP, concessionária que administra as rodovias BR-101 e BR-116 entre as duas maiores cidades do país, previa a implantação do free flow na pista central desse trecho metropolitano de São Paulo em março de 2025 e praças convencionais na BR-101, onde não havia cobrança.
A empresa pediu para implementar primeiro, como teste, o free flow na BR-101, que começou a funcionar em março de 2023 e, conforme mostrou reportagem da Agência iNFRA, tem sido avaliado com sucesso devido aos baixos números de inadimplência e reclamações de usuários.
Mas, segundo a diretora-presidente da concessionária, Carla Fornasaro, o desafio de implantar o free flow na região metropolitana da maior cidade do país é de outra ordem. O número de veículos que trafegam por dia é 10 vezes maior que o da BR-101, por exemplo.
Além disso, de acordo com Cleber Chinelato, superintendente da empresa, o sistema na região metropolitana é diferente, já que requer também a introdução de uma tarifa dinâmica e o pagamento pelo quilômetro percorrido, o que não ocorre no projeto da BR-101.
Para ele, na prática, esse free flow metropolitano será mais um sistema de gerenciamento de tráfego para favorecer o tráfego de longa distância na pista central da rodovia (em horários de pico, a tarifa será mais alta).
Nove processos de comunicação
Neste primeiro ano, a notificação prévia aos clientes que passam tem sido apontada como o principal desafio para o funcionamento do free flow. Chinelato apresentou no encontro pelo menos nove tipos diferentes de processos de comunicação que a empresa implantou ou está estudando.
Esses sistemas vão desde acordo com bancos para notificar os clientes a cadastramento prévio de usuários. Segundo ele, parte desses modelos já visam uma melhor comunicação para usar no free flow da região metropolitana.
O diretor da ANTT Luciano Lourenço lembrou que um dos maiores desafios tecnológicos enfrentados até o momento na agência foi a emissão das multas para quem não fez o pagamento dentro dos 15 dias previstos na resolução do Contran.
Há um pedido para que esse tempo passe para 30 dias, o que reduziria a inadimplência e a quantidade de multas emitidas, que já passa de 700 mil. O Ministério dos Transportes informou que uma consulta pública sobre o tema será aberta em junho.
Avaliação nas repactuações
O diretor-geral da agência, Rafael Vitale, disse no encontro que os desafios vão sempre ocorrer na implantação de inovações, mas que é preciso incentivar o modelo bem sucedido para que possa continuar a ser implementado.
“Temos que massificar o free flow. Precisamos de ousadia para dar esse passo a mais”, disse Vitale.
Ele citou que, nas avaliações da agência com as empresas para a repactuação dos contratos de concessão no modelo consensual, a implantação de free flow está sendo analisada como forma de criar soluções que aumentem a base de pagantes e reduzam assim impactos dessas modificações em tarifas ou tempo de contrato.