da Agência iNFRA
“Sincromodalismo é o olhar para a infraestrutura de forma integrada e sincronizada”, sintetizou o consultor Luis Claudio Montenegro, que compôs o painel “Arranjos Produtivos e Sincromodalismo” no Summit Portos 5.0, realizado na última quinta-feira (21). “É a ideia de que os serviços que serão prestados terão um planejamento sistêmico, da produção até chegar ao consumidor final. Podemos ter os melhores navios, por exemplo, mas se nos falta o motorista de caminhão, o sistema todo definha.”
O painel abordou os processos internacionais de integração logística, pelos quais entes como grupos de armadores, terminais e empresas de e-commerce adquirem até mesmo aviões e navios para fazer sua própria logística. É o que se chama de verticalização, também chamado de porta a porta no setor de logística. A percepção do painel é de que, no futuro, a disputa será pautada por grandes cadeias integradas.
É nesse sentido a reflexão de Cesar Mattos, consultor da TBC. Para ele, esse movimento “responde, de um lado, ao imperativo da eficiência e da redução de custos de transação. E, de outro, de uma maior garantia de que haverá um atendimento adequado naquele porto. A empresa tem a garantia de rapidez e de agilidade para implementar o serviço que ela deseja”, explicou o consultor, lembrando que, em geral, a verticalização tem se mostrado um processo positivo.
Adalberto Vasconcelos, CEO da empresa ASV Infra Partners, comentou que uma cadeia logística ineficiente, demorada e cheia de entraves significa, na prática, a destruição do valor do produto. “Além disso, destrói também a competitividade, não só de agentes privados, mas do Brasil como um todo.”
Por isso, Vasconcellos sugeriu que se observassem não apenas os índices de crescimento econômico ao se avaliar o sucesso de um país, mas também se o seu grau de “crescimento competitivo” está alinhado com o seu potencial. “O paradigma da produção em massa foi quebrado com o just in time, a produção enxuta de nosso tempo exige uma entrega rápida. O consumidor compra em qualquer lugar do mundo, e ele quer que isso chegue a ele logo.”
Vasconcellos apontou que os investimentos em modais devem ser observados sempre “de cima”, para saber se fazem sentido na logística como um todo. Caso contrário, todo o sistema pode sair prejudicado. Ele criticou a ideia de concorrência a todo custo, a qual, na sua percepção, está presente no Brasil. Ele exemplificou uma situação em que várias empresas exploram contêineres em um certo porto.
“A concorrência não pode ser encarada como um fim em si mesmo. Você pode trazer benefícios concretos para a competitividade de outras formas. Como reduzir tarifas, proporcionar ao empresário uma entrega rápida e barata de seu produto”, avaliou.
Refletindo sobre como a regulação pode ajudar a melhorar o cenário descrito, Marcelo Guimarães, representante da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), entende que o Estado deve adotar como princípio a política de que toda restrição proposta seja fortemente embasada em pesquisa, fatos e dados. “Se você não tem evidências, você não pode restringir. Igualmente, deve-se olhar exemplos internacionais, para buscar referências de como tal situação poderia se dar no local.”
O Summit Portos 5.0 foi promovido pelo Grupo Tribuna, com a Agência iNFRA como media partner e apoio da TiL (Terminal Investment Limited) e da APM Terminals, além do apoio institucional da Frenlogi (Frente Parlamentar Mista de Logística e Infraestrutura), do IBL (Instituto Brasil Logística) e da Abeph (Associação Brasileira de Entidades Portuárias e Hidroviárias). Assista à íntegra do evento neste link.