Mais chuvas com La Niña e menos calor devem ajudar reservatórios em 2025, diz meteorologista

Marisa Wanzeller e Geraldo Campos Jr., da Agência iNFRA

O ano de 2025 começa com projeções mais otimistas para o suprimento elétrico do país, depois de uma estiagem severa em 2024 que afetou os reservatórios do SIN (Sistema Interligado Nacional) e provocou o acionamento de todas as faixas de bandeiras tarifárias. Um dos motivos para isso é o início do fenômeno La Niña, que deve tornar o período úmido ainda mais chuvoso e ajudar a recompor as afluências dos rios.

É o que explicou a meteorologista especialista em Clima e Energia Marcely Sondermann, da Climatempo, para a Agência iNFRA. Segundo ela, mesmo mais fraca neste ano, a La Niña trará chuvas intensas que ajudarão no abastecimento dos principais reservatórios do país, especialmente no subsistema Sudeste/Centro-Oeste. O fenômeno, que consiste no resfriamento anômalo do Oceano Pacífico Equatorial, influencia nas temperaturas e chuvas.

“[Esse fenômeno] influenciará ao longo do verão trazendo mais chuvas, mantendo essa condução de muitos corredores de umidade. Geralmente, em anos de La Niña, temos muitas frentes frias passando principalmente pela costa da região Sul e Sudeste. E essas frentes frias que passam mais pelo oceano são responsáveis por ajudar a favorecer essas chuvas mais persistentes, mais intensas, que vêm lá da Amazônia em direção ao Centro-Oeste, ao Sudeste, onde estão os principais reservatórios de energia”, afirmou.

Aliado a este verão mais chuvoso, há expectativa de um período seco sem influência de grandes fenômenos climáticos, o que pode torná-lo menos severo e prolongado como o de 2024. Mas isso dependerá de eventos ainda difíceis de prever.

“A gente vai passar ao longo do período seco, que é parte do outono e no inverno, por uma neutralidade no oceano. Então não vai ter nem a La Ninã e nem o El Niño influenciando. Sem esses grandes fenômenos ditando o clima, ficamos mais vulneráveis à atuação de outros fenômenos, de curto prazo, que conseguimos prever apenas quando estão mais próximos. Um exemplo é a oscilação antártica, que pode trazer mais ou menos frentes frias dependendo da fase”, explicou Marcely Sondermann.

A La Niña também deve ajudar a levar mais chuvas para as regiões Norte e Nordeste, de acordo com a meteorologista. Nessas regiões, o fenômeno poderá se estender e impactar para além do final do verão, em março, e elevar as chuvas no mês de abril. “A La Niña vai impactar nesse início do outono as regiões Norte e Nordeste, que de fato é quando começa o período úmido nessas regiões. (…) Ela vai estar contribuindo para ter um pouco mais de chuva do que já tem nessa época lá.”

Consumo de energia
Além do aumento das chuvas, o ano deve ser mais fresco em relação a 2024, o que também influencia na demanda por energia. 

“Neste ano, a temperatura não vai ficar tão extrema, a gente não vai ter tantas ondas de calor como a gente teve no ano passado. Então, em termos de consumo, baseando-se apenas no fator temperatura, não vai ser uma condição tão extrema”, disse a meteorologista.

Em março de 2024, o ONS (Operador Nacional de Energia Elétrica) registrou recorde na demanda instantânea, de 102.478 MW (megawatts). Isso devido a uma onda de calor, que elevou as temperaturas em todo o país. 

“O que a gente está esperando para esse ciclo não são ondas de calor como a gente viu no ano passado, até pelo contrário. Quando a gente pensa no início do outono [20 de março], até no início do inverno [20 de junho], a gente já pode ter algumas massas de ar um pouco mais frias, até por conta que a gente vai estar saindo de uma La Niña. Então a gente pode ter umas massas de ar mais frias nesse início de período, ciclo, chegando ali até a região Sul, por exemplo.”

ONS melhora projeções
O ONS elevou suas projeções de afluências e de níveis de armazenamento dos reservatórios em 2025. Na última reunião do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), realizada na quinta-feira (8), foram apresentados números que, mesmo no cenário negativo, superam ou se assemelham aos de 2024.

Na pior projeção, com chuvas aquém da média, os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste chegariam ao final de junho com 60,2% da capacidade. Em 2024, o nível médio na região era de 61% no período.

Já no cenário positivo, considerando um verão mais chuvoso que o normal, o estudo prospectivo indica que os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste devem fechar janeiro em 64,3% e chegar em junho a 94,5%. Se confirmado, ficaria 26,9 pontos percentuais acima do registrado no mesmo período do ano passado. 

Segundo o ONS, as perspectivas indicam resultados favoráveis, com o pleno atendimento das demandas de energia e potência. O operador destacou que o período tipicamente úmido tem tido chuvas em volume dentro do compatível com o esperado e apresentado afluências em volume suficiente para garantir a recuperação dos níveis dos principais reservatórios do SIN.

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