Jenifer Ribeiro, da Agência iNFRA
Em 2021, 59% dos operadores logísticos, que atuam no Brasil, decidiram aumentar o volume de investimentos, segundo a edição de 2022 do Perfil dos Operadores Logísticos, com dados dos anos de 2020 e 2021, produzido pela Abol (Associação Brasileira de Operadores Logísticos) e pelo Ilos (Instituto de Logística e Supply Chain).
No total, foram investidos R$ 18 bilhões no setor no ano passado. Dos operadores que responderam aos questionamentos do levantamento, 83% investiram na modernização das instalações e infraestrutura, 80% em softwares, 61% em novas máquinas e equipamentos e 53% na aquisição de frota como veículos, embarcações e vagões.
A Abol participou na última terça-feira (28) de um painel na Comissão de Viação e Transportes, da Câmara dos Deputados, para apresentar os resultados do levantamento. Marcella Cunha, diretora-executiva da associação, disse à Agência iNFRA que o perfil pode ser usado como subsídio para a elaboração de novos projetos de lei ou até em proposições que já estão tramitando no Congresso.
Custo dos combustíveis
Embora a maior parte dos respondentes do levantamento tenham afirmado que a receita bruta da empresa aumentou, eles apontam uma diminuição nos lucros devido à elevação dos custos do setor. Isso aconteceu, de acordo com o estudo, porque 70% dos operadores logísticos consultados decidiram não repassar integralmente os acréscimos dos custos, tanto por questões mercadológicas, quanto por estratégia.
Entre os principais aumentos que afetaram o custo das empresas do setor estão: combustíveis (77%), seguidos pelo custo do transporte rodoviário de forma geral (56%) e pelos valores das contas de água e luz (47%).
Devido a paridade de preços internacionais, a Petrobras anunciou sucessivos aumentos nos preços do diesel e da gasolina. O último reajuste, há 10 dias, foi de 14,2% no preço do diesel e de 5,2% no preço da gasolina.
A política de paridade de preços que tem sido criticada tanto pelo Poder Executivo quanto pelo poder Legislativo também não agrada aos operadores logísticos. Marcella explicou esperar “que até o ano que vem essa questão de ajustes constantes no preço do diesel seja ajustada pela Petrobras para alguma nova política”.
Mesmo que concordem com uma mudança da política atual de preços da Petrobras, os participantes da pesquisa não entraram em um consenso temporal. A frequência ideal para o reajuste de preços do diesel para 30% seria a cada dois ou três meses; para 29%, a cada seis meses; e, para 27%, o valor deveria ser ajustado uma vez ao ano.
Tributos
Outra demanda dos operadores logísticos é que os parlamentares priorizem a tramitação da reforma tributária. A redução da carga tributária é o principal pedido desses operadores (96%). Atualmente, o percentual de faturamento pago em cargas tributárias equivale em média a 18%.
Marco regulatório
Uma das reivindicações da Abol é a aprovação do PL (Projeto de Lei) 3.757/2020, que cria um marco regulatório para a atividade de operador logístico no Brasil. A matéria aguarda a publicação do parecer do deputado relator na Comissão de Viação e Transportes, Carlos Chiodini (MDB-SC).
No entanto, a fim de acabar com alguns impasses entre os parlamentares e o setor acerca do texto original, o plano é apresentar um substitutivo. Segundo o deputado Chiodini, o texto do substitutivo está pronto e vai ser protocolado “nos próximos dias”. Chiodini espera que a proposição seja pautada antes do recesso parlamentar. A diretora-executiva da Abol declarou ser favorável ao projeto.
“A gente espera muito que o PL 3.757/2020 seja aprovado, para que a gente consiga investir ainda mais no setor. Se hoje nós somos multados ou autuados indevidamente, isso tira um pouco da nossa possibilidade de reinvestir”, explicou.