24/10/2025 | 16h17  •  Atualização: 24/10/2025 | 17h34

MoveInfra: CEOs discutem alta nos juros para investimentos

Foto: Luh Fiuza/Agência iNFRA

da Agência iNFRA

O Brasil enfrenta desafios estruturais para financiar sua infraestrutura em um cenário de juros elevados, alertou Antonio Carlos Sepúlveda, CEO da Santos Brasil, durante o painel “Como financiar a infraestrutura em um cenário de juros altos?”, realizado na última quarta-feira (22), no evento “MoveInfra: Desafios para transformar o Brasil”, em Brasília.

“Hoje investimos menos de 2% do PIB em infraestrutura, e isso é insuficiente. Sem infraestrutura, o Brasil não cresce”, afirmou Sepúlveda, destacando a dependência do setor de transporte e logística para segmentos como agronegócio, e óleo e gás, que representam grande parte do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). O painel discutiu o impacto da alta taxa de juros, riscos fiscais e desafios regulatórios na viabilidade de projetos de longo prazo.

Longevidade dos projetos
Marcello Guidotti, CEO da EcoRodovias, destacou que o financiamento precisa ser sustentável ao longo do projeto, não pensando apenas nos juros do momento. Ele contou que os financiamentos da companhia não dependem da alta do CDI, mas de contratos de longo prazo indexados à inflação, que protegem os projetos contra a volatilidade de juros. “A infraestrutura é um exercício de futurologia. Você constrói e dura muito”, explicou.

Guidotti também apontou que o mecanismo de debêntures incentivadas está sendo usado para viabilizar investimentos, mas alertou que mudanças tributárias poderiam encarecer financiamentos e afetar a demanda. Segundo ele, se aumentar o custo para captar recursos via debêntures incentivadas, isso será repassado aos usuários. O governo recentemente tentou por meio de uma medida provisória retirar parte dos incentivos fiscais para as debêntures incentivadas a partir de 2026, mas a medida perdeu a validade sem ser votada.

Segurança e regulação
Para Fulvius Tomelin, CEO da Ultracargo, a solução para sustentabilidade financeira passa por bons projetos, longevidade e retorno de longo prazo, aliados a um ambiente regulatório mais ágil. Ao discutirem sobre o PL (Projeto de Lei) do Devedor Contumaz, Tomelin ressaltou a importância de combater a atuação de grupos criminosos que se infiltram no setor de infraestrutura e no comércio de combustíveis, distorcendo o mercado e aumentando riscos.

“Nós vimos pela operação Carbono Oculto o quanto isso está infiltrado em todos os setores da economia. (…) A existência da penetração gera, além de problemas para população, distorções no nosso segmento”, disse. “O que é muito danoso para o setor, porque, quando você tem esses grupos dominando isso, você tira totalmente a racionalidade econômica de qualquer investimento que possa ser feito na infraestrutura porque não há como competir”, completou, citando o exemplo do México que hoje vive o narcotráfico no setor de combustíveis. 

O senador Wellington Fagundes (PL-MT) completou a discussão apontando que as decisões sobre concessões e financiamentos ainda são definidas pela “política de governo e não pela política de Estado”, o que cria dificuldades. Ele narra que o maior problema na aprovação dos projetos está na disputa política dentro do Congresso. “Quando começa uma coisa a funcionar, vêm outras ideias e travam porque o governo tem a cultura de ser ‘troglodita’. Ou seja, busca da sociedade e às vezes não sabe como devolver para sociedade. Temos que voltar às origens de um país burocrático”, disse. Para assistir ao evento completo acesse o canal da Agência iNFRA no YouTube.

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