Gabriel Vasconcelos, da Agência iNFRA
O diretor de planejamento do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Alexandre Zucarato, anunciou nesta quinta-feira (26) um aumento total de até 1,5 GW (gigawatt) dos limites de intercâmbio de transmissão entre subsistemas exclusivamente no período noturno. A mudança passa a valer a partir da 00h do dia 28 de junho, próximo sábado.
O incremento será obtido a partir da alteração do SEP (Sistema Especial de Proteção), permitindo ampliar a capacidade de exportação do Nordeste respeitando o critério de redundância dupla (N-2). Segundo Zucarato, o ONS esperava um ganho entre 500 MW e 1 GW, portanto, ficando acima das expectativas para o período da noite, mas sem implementar a medida para o período diurno. Nessa faixa do dia, a capacidade de exportação do Nordeste já está limitada por “perdas simples” que levariam a falhas de comutação (‘interrupção da potência transmitida’) nos sistemas de corrente contínua que trazem energia das usinas do Madeira e Xingu para o Sudeste. O anúncio foi feito durante reunião de apresentação do PMO (Programa Mensal de Operação) na sede do ONS, no Rio de Janeiro.
Na prática, esse ganho potencial de transmissão vai permitir escoar mais energia eólica gerada no Nordeste para o Norte (até 600 MW adicionais) e para Sudeste e Centro Oeste (até 900 MW adicionais). Essa energia adicional que vai para o Norte também poderá ser redirecionada ao Sudeste por meio do linhão de Belo Monte.
Zucarato afirma que a medida não afeta o planejamento mensal e nem a formação de preços, que se dão por uma cadeia de modelos que não captam o nível de detalhe dos aumentos de limite. “Vamos ter a mesma formação de preços, mas, no tempo real, maior possibilidade de alocação”, disse.
“Aumentar o limite (de transmissão) significa reduzir a eventual necessidade de geração termelétrica. Vai anular? Não, porque a carga pode subir muito. Se tiver temperatura muito elevada no auge do período seco, vai demandar mais energia. Esses 1,5 GW a mais podem complementar”, cintnua. Segundo o diretor do ONS, mesmo com maior escoamento, a estimativa do órgão ainda é de maior despacho térmico de setembro a novembro.
*Este texto foi atualizado para corrigir uma informação acerca do critério de redundância dupla, que será mantido.