Lais Carregosa, da Agência iNFRA
O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) já autorizou a conexão de 30 data centers ao SIN (Sistema Interligado Nacional), o que representa uma demanda de 2,5 GW (gigawatts). A informação é do diretor-geral do ONS, Marcio Rea, em workshop da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) sobre data centers em Brasília, nesta quinta-feira (4).
De acordo com Rea, dos pareceres de acesso aceitos, 12 são de data centers conectados à rede básica, sete nas demais instalações de transmissão e 11 interligados às usinas de geração. No segundo semestre deste ano, o ONS analisa mais quatro pedidos de conexão, afirmou.
“Independentemente do modelo de conexão, a integração dos data centers ao sistema representa um desafio para o operador, cada vez maior”, destacou. Isso porque, segundo Rea, a maior parte dos pedidos se concentra no estado de São Paulo, o que apresenta desafios ao sistema de transmissão. O diretor-geral afirmou que está em diálogo com o governo, a ANEEL e a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) para viabilizar “soluções estruturais para o atendimento dessas novas cargas”.
Leilões de transmissão
Segundo o presidente da EPE, Thiago Prado, um dos lotes do leilão de transmissão de 2025, na área de São Paulo, tem o objetivo de ampliar a margem de conexão para data centers na região de Barueri, Santana do Parnaíba e em parte da capital. Além disso, o leilão de 2026 terá lotes no estado e em outras regiões do país para aumentar a margem de escoamento para essas novas cargas.
Segundo Prado, a EPE trabalha com a possibilidade de implantação de cerca de 50 projetos de data centers no Brasil, o que representaria uma demanda de 14 GW.
“Talvez mereça um olhar específico para esse grupo de consumidores, para que ajustemos os normativos e os procedimentos de operação para extrair de forma mais efetiva os melhores resultados nessa operação”, destacou.
Desafios do sistema
O diretor-geral da ANEEL, Sandoval Feitosa, destacou o cenário de sobreoferta de energia no sistema, o que tem intensificado os cortes obrigatórios de geração, chamados de “curtailment”. Para ele, a inserção de mais carga no sistema, com a conexão de data centers, pode ajudar a reduzir os cortes.
“A inserção de grandes blocos de carga, como os data centers, torna-se especialmente oportuna, pois contribui para absorver energia nos momentos de maior disponibilidade, otimizando o uso de recursos renováveis”, disse.








