apresentado por Sindigás
Uma pesquisa do Instituto Locomotiva feita com 1.500 brasileiros em todas as regiões do país no período de 5 a 9 de junho de 2025 confirma que a população rejeita as mudanças propostas e teme pela segurança. Os resultados são claros:
- 93% da população (cerca de 158 milhões de brasileiros maiores de 18 anos) temem comprar gás sem a garantia da marca conhecida;
- 97% acreditam que a marca no botijão é fundamental para garantir a qualidade do gás;
- 94% consideram importante ter o nome da empresa que encheu o botijão gravado em alto-relevo, assegurando rastreabilidade;
- 83% defendem a regra atual de que só a empresa com marca gravada pode encher o botijão, para que sejam fiscalizadas e responsabilizadas em caso de acidentes.
“A população sabe que um botijão mal conservado pode colocar vidas em risco. Além disso, há uma percepção de que, sem a marca da empresa gravada no botijão, fica difícil saber a procedência e quem se responsabiliza por ele. Isso sem contar que a chance de adulteração ou de receber menos gás do que comprou é muito grande. A pesquisa mostrou que o brasileiro valoriza políticas públicas que ampliem o acesso ao gás, sim, mas sem abrir mão da segurança”, explica Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
O setor de GLP exige altos investimentos, rigor em segurança e logística pesada, sendo dever regulatório assegurar agentes com qualificação técnica e capacidade sustentável para responder aos elevados parâmetros de segurança e qualidade. O sistema atual protege o consumidor e dá confiança ao mercado. Afinal, estamos falando de um produto inflamável e volátil. Hoje o enchimento dos botijões é feito em grandes bases industriais, com estrutura e equipes de emergência. Improvisar seria inseguro e, no fim, até mais caro. Agentes do mercado costumam dizer que “com GLP não se brinca”.
Outro ponto que gera dúvidas entre os especialistas: como garantir que o consumidor receba exatamente o que pagou? Sem a pré-medida de até 13 quilos, o consumidor não tem garantia exata do que recebeu. O risco é trazer para o mercado de GLP problemas que hoje existem em outros mercados, como adulteração e precarização, dificultando a fiscalização que, para o tamanho do país, é uma tarefa complexa e custosa.
“Quando você afrouxa regras, abre espaço para o crime ou, no mínimo, para a negligência com a segurança. Esse alerta vem da própria população, que teme que o gás vire moeda de troca em regiões onde o Estado é ausente. No Paraguai, por exemplo estima-se que 80% do parque de botijões está com prazo de requalificação vencido. No México há roubos de produto, botijões enchidos com desvio de quantidade. A proliferação destes agentes é tanta que os órgãos reguladores não têm capacidade de fiscalizar”, explica Bandeira de Mello.
Para o Sindigás, o debate sobre a regulação é sempre válido e há um entendimento por parte da ANP de que falta competitividade no mercado de GLP. Mas em todo o mundo, trata-se de um mercado onde as empresas precisam realizar altos investimentos para entregar um combustível seguro em 100% dos municípios. O mesmo acontece em países vizinhos como Chile, Colômbia e Uruguai.
“Corremos o risco de mudar uma regra que funciona e dá segurança a todo o abastecimento de GLP no país e não conseguir benefícios reais em troca para o consumidor”, diz Bandeira de Mello, que se preocupa que, no futuro, parte das empresas sérias acabe saindo do mercado e o mercado se desorganize.








