16/12/2025 | 20h15  •  Atualização: 17/12/2025 | 09h54

Petrobras compra participação de britânica em complexo solar no Ceará

Foto: Pedro Teixeira/Agência Brasil

Gabriel Vasconcelos, da Agência iNFRA

A Petrobras fechou um acordo com o braço de energias renováveis da petroleira britânica BP, a Lightsource bp, para a criação de uma joint venture nesse segmento no Brasil. A nova empresa nasce com a aquisição, pela Petrobras, de 49,99% das subsidiárias da Lightsource bp. Hoje, na prática, isso significa metade do Complexo Solar Milagres, em operação no Ceará com 212 MWp (megawatt-pico) de capacidade – projeto considerado pequeno para os padrões do mercado.

A investida já tinha sido aprovada pela diretoria executiva da estatal e foi aprovada ontem (16) por seu Conselho de Administração. O fechamento do negócio (‘closing’) depende agora das aprovações de órgãos reguladores, como o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). 

A estatal não revelou o valor da transação em comunicado ao mercado, informando apenas não ser “materialmente relevante” para os seus padrões. Fontes disseram à Agência iNFRA que a Petrobras vai desembolsar pouco mais de R$ 100 milhões.

Sobre a Lightsource bp, a Petrobras informou que a sócia vai entrar com seu “pipeline que inclui entre 1 e 1,5 GW em estágio mais avançado de desenvolvimento, além de outros projetos menos maduros no Brasil”. Isso inclui as cinco usinas solares fotovoltaicas do Complexo de Milagres, no município de Abaiara (CE), ativas desde 2023.

O movimento da Petrobras inaugura sua presença na geração fotovoltaica comercial, em linha com o Plano Estratégico 2026-2030 recentemente aprovado. A empresa já vinha desenvolvendo projetos de autogeração com painéis solares em refinarias. 

Ainda no texto enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a Petrobras diz que a joint venture tem como objetivo desenvolver “projetos rentáveis de energia renovável”, indicando que, no futuro, a parceria pode não se limitar aos ativos do Ceará.

Atrativo?
Segundo fontes da companhia, a construção de um ativo equivalente greenfield (novo) custaria R$ 680 milhões à companhia, valor bem superior ao dispensado pela participação. Além desse custo, outro atrativo para a Petrobras seria o potencial de expansão do projeto no médio e longo prazos, observados pela companhia.

Ainda assim, no colegiado da Petrobras, a votação foi apertada: 6×5. Votaram favoravelmente os seis conselheiros indicados pelo governo, enquanto os quatro representantes dos minoritários se opuseram, grupo ao qual se somou a indicada dos funcionários, Rosangela Buzanelli. 

Os minoritários são historicamente céticos quanto à diversificação da Petrobras para negócios menos rentáveis que o óleo e gás, caso da geração de energia renovável. Na Petrobras, para serem aprovados, negócios renováveis precisam ter uma taxa de retorno superior a 10%, enquanto os fósseis partem de uma base maior, em uma média de 23%. A maior parte desses conselheiros, ao representarem os investidores privados, desejam maior foco na E&P (Exploração e Produção) de petróleo, principal negócio da empresa.

Curtailment
No fim de novembro, por ocasião do lançamento do novo Plano Estratégico, Magda Chambriard foi taxativa em associar a redução da previsão de investimento em geração renovável ao fenômeno do curtailment (cortes obrigatórios de geração).

“Só faz sentido ter solar se o offtaker formos nós mesmos [Petrobras]. A solar se viabiliza se for dentro do nosso sistema, nas refinarias. Esse curtailment está dizendo o seguinte: está sobrando 9% de energia entre solar e eólica e isso gera instabilidade no sistema. Curtailment é, na verdade, perda de energia. Botar essa energia na rede para jogar fora não faz sentido”, disse Magda a jornalistas.

Agora, a investida de momento junto à Lightsource bp, mostra que a Petrobras pode até frear o ímpeto com relação ao negócio de geração, mas não vai tirar totalmente o pé do setor. A este respeito, uma alta fonte da companhia disse que o movimento demonstra o compromisso da companhia em cumprir o plano estratégico, ainda que observando as conjunturas, como preços baixos e curtailment. 

De fato, o grupo de projetos ligados a gás natural e energia de baixo carbono tem previsão de Capex (investimento) de US$ 9 bilhões até 2030, após corte relevante ante os US$ 11 bilhões constantes no último plano (2025-2029). O corte está concentrado justamente nos projetos de geração eólica onshore e solar fotovoltaica, já deixou claro a diretora de Transição Energética e Sustentabilidade, Angelica Laureano. E vem em linha com diminuição na capacidade de geração a ser alcançada com novos projetos do tipo, que caiu de 4,7 GW (gigawatts) para 1,7 GW na passagem de um plano ao outro, uma queda de 63,8%. 

*Reportagem atualizada às 8h03 de 17/12 para inclusão de informações detalhadas.

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