da Agência iNFRA
Investimentos e planejamento nas redes de distribuição e transmissão levou a um restabelecimento de energia mais rápido pós-eventos climáticos extremos, relatou Michael Spoor, consultor e ex-vice-presidente da Florida Power, empresa distribuidora de energia nos Estados Unidos. A região é constantemente atingida por furacões e a empresa precisou traçar uma estratégia para atuação.
“A Flórida é muito vulnerável – e sempre tem sido – a furacões. Não é uma questão de se você vai ser atingido por furacões, mas quantas vezes e quando será”, afirmou Spoor durante participação no encontro “Eventos Climáticos Extremos: Experiência Internacional e Impactos nas Redes de Energia Elétrica”, que foi realizado na última quarta-feira (11), em Brasília (DF), pela Agência iNFRA e o Instituto Abradee (assista à íntegra neste link).
Entre as estratégias adotadas pela companhia, estão investimentos em redes inteligentes, manejo de vegetação próxima às estruturas, manutenção e substituição de postes, além de cuidados com a fundação e infraestrutura subterrânea. Segundo Spoor, antes dos investimentos realizados, a companhia levava cerca de 18 dias para restaurar a energia para os clientes após a passagem de furacões. Recentemente, após a adoção das estratégias, o tempo caiu para cerca de oito dias.
“Fizemos uma jornada para melhorar, fortalecer o grid. Agora, 63% de todas essas linhas podem suportar ventos de até 230 km em três segundos. Isso não vai eliminar tudo que acontece aos clientes, mas reduz a quantidade de dano e do trabalho que será feito para retomar essa rede. Resiliência é uma questão de quanto você pode restaurar o sistema quando algo bate nele”, afirmou.
Spoor destacou ainda que cada evento tem sua intensidade e característica, e afeta de forma diferente cada região, exigindo ações diferentes em cada situação. “As atuações dos furacões não são iguais. Os índices levam em consideração a velocidade do vento e o quão rápido ele se move. Temos que analisar quão intensos são os furacões. Quanto mais alta a velocidade do vento, maior o impacto”, afirmou.
Colaboração entre empresas
O histórico de eventos climáticos extremos no país norte-americano levou à construção de um esforço mútuo entre as empresas de distribuição de energia, que se auxiliam na restauração do serviço após as ocorrências. “Quem sabe que não vai ser impactado, vai ajudar. Não tem nenhum lucro, você ajuda porque sabe que pode precisar no futuro”, afirmou o consultor.
Segundo o especialista, as companhias no país atuam com sucesso dessa forma há anos. Em ocasiões em que um evento atinja, por exemplo, para além da sua região, é comum pedir ajuda em áreas ainda mais distantes no país. “Tivemos pessoas da Califórnia que viajaram à Flórida para apoiar o esforço de restauração”, exemplificou.
Pós-evento
Além dos investimentos para aumentar a resiliência das redes para as passagens de eventos como furacões, e preparação das equipes para monitoramento durante a tempestade, Michael Spoor destacou outro ponto-chave ao qual as distribuidoras devem estar atentas: a comunicação com os consumidores e autoridades pós-eventos climáticos.
“Depois desses eventos, a primeira pergunta do cliente é ‘Quando eu vou ter energia de novo?’”, afirmou. “Mesmo que nenhum cliente goste de ficar sem energia, o que eles mais querem é a informação de quando terão energia de volta para poderem se planejar.”
Segundo o palestrante, nas primeiras 24 horas pós-evento, as companhias devem se esforçar em dar uma perspectiva geral a nível nacional sobre o retorno da energia. Após 48 horas, passam a ser divulgados os detalhes por vizinhanças. A comunicação pode ser realizada por diversas ferramentas, como e-mails, redes sociais, e os próprios veículos de imprensa.