Gabriel Vasconcelos, da Agência iNFRA
A PPSA (Pré-Sal Petróleo) estima que os investimentos totais em campos de petróleo comerciais do pré-sal regidos pelo regime de partilha vai chegar a US$ 71 bilhões, ou R$ 386 bilhões no câmbio atual, nos próximos cinco anos até 2030. Esse montante foi anunciado junto a uma série de previsões da empresa pública, que gere os contratos dessas áreas e administra o óleo pertencente à União, nesta quarta-feira (9), durante seu Fórum Técnico de 2025, no Rio de Janeiro.
Segundo a diretora técnica da PPSA, Tabita Loureiro, os investimentos do período devem ter um pico em 2026, com US$ 20,2 bilhões de capex para as operações no pré-sal, patamar que terá ligeira redução em 2027, para US$ 18,9 bilhões e, depois, uma queda relevante para US$ 12,5 bilhões e US$ 11,7 bilhões em 2028 e 2029 respectivamente. No último ano do período considerado, 2030, devem ser investidos cerca de US$ 7,7 bilhões no pré-sal. No ano corrente de 2025, o investimento a ser efetivado, US$ 16,3 bilhões, ficou 7,3% abaixo do montante anteriormente previsto pela PPSA, de US$ 17,6 bilhões.
O capex do pré-sal em cinco anos estão relacionados à introdução de sete novos FPSO (navios-plataforma) na Bacia de Santos, nos campos de Búzios, que receberá mais quatro unidades no biênio 2026-2027, além das novas plataformas dos campos de Gato do Mato, Atapu e Sépia.
A julgar pelos integrantes dos consórcios donos dos negócios, a maior parte dos investimentos serão desembolsados por Petrobras, Shell e TotalEnergies, além de empresas com participações menores ou pontuais, caso das chinesas CNOOC e CNODC em Búzios, a Petronas em Sépia, e a Ecopetrol em Gato do Mato.
Novos Poços
Outras métrica importante, que puxa os investimentos, é a expectativa de perfuração de 182 novos poços para produção no período de cinco anos, com pico de 46 perfurações desse tipo em 2027. Ao lado desses poços, a PPSA estima pelo menos 15 poços exploratórios, entre os quais três firmes e doze contingentes.
Em 2025, tanto em áreas em produção quanto na atividade de exploração, o número de poços ficou acima do projetado pela PPSA. Eram esperados 39 poços de produção no ano e cinco de exploração, números que chegaram a 43 e sete poços respectivamente.
“O Brasil precisa avançar em perfuração de poços exploratórios em novas fronteiras. É muito importante que a gente continue perfurando, e explorando também dentro do Polígono do Pré-Sal, que ainda tem muitas oportunidades”, disse Tabita.
Picos de produção e óleo lucro
Para o conjunto de campos sob contratos de partilha, a PPSA prevê um pico de produção de 2,123 milhões de bpd (barris por dia) com declaração de comercialidade em 2030. Considerando frações ainda sem a declaração de comercialidade, o pico de produção para esse tipo de contrato acontece em 2033, com a 2,164 milhões de bpd, coincidindo com o ano de pico da produção total de petróleo do país estimada pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética).
Com relação à estimativa de óleo lucro da União, considerando os dez contratos de partilha e os AIPs (acordos de individualização da produção de Mero, Atapu, Tupi e Jubarte), a PPSA estima um pico de produção de 499 mil bpd em 2033, dentro do chamado “cenário de referência” da empresa.
Nesse cenário, o dólar médio é fixo em R$ 5,5 e o barril de petróleo tipo Brent caminha de US$ 58 por barril em 2026, se estabilizando em US$ 64 por barril nos anos seguintes e chegando a US$ 68,60 em 2033. No cenário pessimista (Brent abaixo da referência), o pico de óleo lucro da União seria de 492 mil bpd e, no otimista (Brent acima da referência), de 506 mil bpd. A partir de 2034, esse óleo da União advindo do pré-sal começa a decair.
Essas estimativas mudaram na passagem de 2025 para 2026, disse Tabita, com o pico do óleo lucro da União sendo deslocado de 2030 para 2033. Pesou, disse a executiva, a redução nos preços projetados do Brent, além do aumento de custos nos principais projetos, antecipação de projetos relativos ao mega-campo de Búzios e inclusão dos custos das plataformas Búzios 12 e Mero 5, esta última ainda em análise.
“Quando entra mais custos, você empurra o pico de óleo lucro para frente, mas isso também redunda em mais produção e tão logo de arrecadação. No final de dez anos [2026-2035], a arrecadação [do governo com óleo lucro da partilha] aumenta para R$ 518 bilhões no cenário de referência desse ano, ante R$ 506 bilhões no do ano passado”, disse a executiva a jornalistas.
Esses montantes a serem arrecadados via óleo repassado à União não consideram os tributos (R$289 bilhões) e royalties (R$ 405 bilhões) cobrados em cima da atividade no pré-sal no período. E só consideram os 10 contratos em curso. Assim, se houver novas declarações de comercialidade, os valores efetivamente verificados serão ainda maiores.








