da Agência iNFRA
O Rodovias do Futuro começou logo com um anúncio de peso. Responsável pela abertura do evento da ABCR (Melhores Rodovias do Brasil), realizado na última quarta-feira (4), o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, fez o anúncio da publicação da consulta pública para a Política Nacional de Conectividade nas Rodovias Federais. O objetivo é chegar a 100% de cobertura de internet nas rodovias federais brasileiras, incentivando e regulando a parceria entre concessionárias, empresas de telefonia e poder público.
“As rodovias precisam estar conectadas, com comunicação de ponta a ponta. Temos várias falhas de cobertura e precisamos estimular, mas não podemos obrigar (que seja feito). Conto com a colaboração de todos. A política quer integrar as concessionárias de rodovias e de telefonia para construírem juntas solução”, afirmou.
Em sua apresentação, o secretário-executivo destacou a possibilidade de o ministério promover mais do que os 15 leilões previstos para este ano e antecipou outra política que a pasta está elaborando, chamada de pós-venda. A iniciativa visa à prestação de contas e transparência das concessionárias de rodovias para a sociedade, que poderá verificar o cumprimento do que foi contratado no momento da concessão.
Conectividade aumenta segurança e melhora a economia
Na sequência, Santoro participou do painel “Caminhos interligados: as fronteiras da conectividade nas rodovias brasileiras”, ao lado de representantes de empresas de telefonia, da concessionária EcoRodovias e da Artesp, agência reguladora do estado de São Paulo.
O secretário voltou a reforçar a importância da articulação para o sucesso da política de conectividade, com ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e Artesp fazendo a regulação na ponta e alinhamento entre concessionárias e empresas de telefonia.
“Será um canal direto para aviso de acidentes, solicitação de reboque, ambulância, além de possibilitar mecanismos para localizar acidentes, reduzir custos da concessionária e oferecer uma enorme gama de serviços. Hoje, a pesquisa sobre usuários é feita em campo, em entrevistas da Polícia Rodoviária Federal, quando a conectividade já poderia nos possibilitar obter informações melhores”, assinalou Santoro.
Mediador do painel, o diretor de Concessões da EcoRodovias, Rui Klein, lembrou que o wi-fi, usado em algumas situações, enfrenta limitações técnicas e vandalismo. Em parceria com a Tim, a empresa realizou projeto pioneiro na Ecovias do Araguaia, com cobertura 4G em toda a extensão das BRs 153, 080 e 414, que formam uma das principais ligações entre o Meio-Norte e o Centro-Sul do país, indo de Tocantins a Goiás.
“A iniciativa abriu aprendizado para o ministério, a ANTT, outras concessionárias. Fomos além do contrato, e a ANTT acompanhou tudo, deu os limites”, comentou.
Atualização de contratos é desafio para agências reguladoras
Com contratos que remontam a 1998, a Artesp (Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo) lançou consulta pública para incentivar migração de tecnologias antigas para 4G e 5G. A consulta ficou aberta até 9 junho e, assim como a proposta federal, tinha por objetivo construir soluções que unam concessionárias e empresas de telefonia sem que o Estado entre diretamente nessa relação.
Fernanda Rudnik, secretária-executiva da agência paulista, ressalta a evolução nas ferramentas de comunicação e conectividade ocorridas desde a década de 1990, quando as call box a cada quilômetro eram instrumentos obrigatórios e hoje estão ultrapassados, assim como a comunicação por rádio entre equipes. Ambas possuem alto custo de manutenção.
“Nessa última rodada [de concessões], o 5G foi previsto em oito contratos, mas está implementado apenas em um trecho. O desafio abrange o sistema como um todo, com câmeras, HS-WIM, para trazer esses avanços para os antigos e a agência possa acompanhar de forma uniformizada todas as concessões”, explicou Fernanda.
Tim e Vivo mobilizadas
As equipes dedicadas à IoT (Internet das Coisas) das empresas de telefonia Tim e Vivo estão voltadas também ao setor de concessões de rodovias, entre outros que, internamente, chamam de “verticais”. A Tim foi a responsável pela implementação do 4G em toda a extensão da Ecovias do Araguaia, projeto iniciado em 2019.
“Em seis anos de atuação em rodovias, já construímos um belo portfólio de soluções. Fora seis mil quilômetros de cobertura entregues a concessionárias e seus usuários, em 13 concessões”, orgulha-se o diretor comercial IOT e 5G da Tim, Leonardo Belotti.
Os benefícios vão além do uso estrito da rodovia, alcançando também os negócios que a margeiam e as comunidades próximas, tornando a conectividade um benefício social. Na Motiva Rio-SP, a conectividade abrange até a iluminação da rodovia, contribuindo para a segurança de pedestres, motoristas e passageiros.
Regiane Favorato, diretora de Pré-Vendas e Soluções B2B da Vivo, lembrou ainda de uma ideia antiga que poderá ser levada como contribuição à consulta pública do Ministério dos Transportes: o número único tridígito (ou quadridígito) para socorro em rodovias em todo o território nacional. “Temos a responsabilidade e o desafio de rentabilizar a rede onde há baixa conectividade. Gosto da ideia de viabilizar modelo de compartilhamento entre operadoras”, opinou.
Belotti concluiu: “Em uma rodovia conectada, o usuário passa a ser cliente e possibilita à concessionária entender as necessidades dele, conectividade salva vidas e leva a ganhos nos custos e na tecnologia”.