“Vamos reduzir preço dos combustíveis se petróleo cair mais”, diz presidente da Petrobras

Gabriel Vasconcelos, da Agência iNFRA

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse hoje (26) que a estatal está “confortável” com o preço da gasolina e do diesel em suas refinarias, mas que vai baixá-los caso as cotações internacionais do petróleo sigam em queda.

Na saída de evento organizado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no Rio de Janeiro, Magda reforçou a jornalistas que ambos os produtos da estatal têm hoje preço abaixo da referência internacional, o PPI (preço de paridade de importação).

“A gente tem visto os preços do petróleo caírem, a gente tem visto o real se valorizar e, por óbvio, acompanhamos também o market share dos nossos produtos. Tanto gasolina quanto diesel estão abaixo do PPI. Então, por enquanto, o que estamos fazendo é acompanhar. Mas se cair mais o preço do petróleo, por certo vamos reduzir o preço dos combustíveis”, disse Magda.

A companhia avalia o mercado a cada 15 dias, disse ela. No início da tarde, o petróleo do tipo Brent estava em queda, pouco abaixo dos US$ por barril.

O mesmo, disse Magda, vale para outros refinados, como QAV (querosene de aviação) e GLP (gás de cozinha). Magda disse que ainda não fez a conta, mas que o QAV deve sim cair no início de junho. Este combustível, ao contrário da gasolina e do diesel, é necessariamente reajustado todo início de mês.

Abicom
Segundo a Abicom (Associação Brasileira de Combustíveis), o preço dos combustíveis Petrobras estariam hoje próximos ao PPI, com a gasolina e o diesel 1% abaixo da referência internacional.

O PPI da Abicom, no entanto, considera o preço do Golfo do México (EUA), superior ao do restante do mundo, principalmente do produto russo, vendido com desconto e predominante no mercado brasileiro. Na prática, portanto, isso significa que os preços da Petrobras estão abaixo do efetivamente praticado no exterior, o que segue favorecendo a importação. Embora importe dos EUA, a Petrobras é historicamente crítica ao acompanhamento de preços da Abicom, citando a maior escala de suas operações na comparação com importadores e as facilidades logísticas da estatal.

Braskem
Sobre a Braskem, cuja parcela da Novonor (ex-Odebrecht), recebeu uma proposta não vinculante do empresário Nelson Tanure, com manutenção de uma fatia para o grupo e aporte de R$ 100 milhões, Magda Chambriard se limitou a dizer que a oferta “vem na direção de uma solução” para a questão societária da petroquímica e que espera que tenha sucesso. A Petrobras tem 47% do capital votante da Braskem e, a Novonor, 50,01%.

“A Braskem tem uma questão societária que a gente precisa resolver e a proposta do Tanure vem na direção dessa solução, como também uma movimentação dos bancos no passado vinha em torno dessa solução. O máximo que eu posso dizer para vocês é que eu espero que qualquer que seja a solução dê certo, que terá o apoio da Petrobras, e que nós vamos sim restaurar a petroquímica no Brasil e botar a petroquímica do Brasil no patamar que ela merece”, disse a presidente da Petrobras a jornalistas.

Questionada sobre um eventual aumento de capital da Petrobras na Braskem – a Petrobras tem direito de preferência -, Magda não respondeu. “Por enquanto, vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos”, disse. A possibilidade de aumento da participação da estatal na Braskem, a ponto de ser controladora da petroquímica, é discutida internamente desde a gestão de seu antecessor, Jean Paul Prates. A Petrobras já concluiu todas as análises internas sobre os ativos e a situação da empresa.

“A Braskem é hoje a sexta maior petroquímica do mundo. Então, por óbvio, é um ativo muito importante para a Petrobras. Quando a gente fala em descarbonização, a gente tem uma certeza: a de que o combustível fóssil ainda será muito utilizado nas próximas muitas décadas para uso petroquímico. Então, a gente fala de gás para petroquímica, a gente fala de nafta para petroquímica, mais gás do que nafta. Não podemos então largar de mão de jeito nenhum a Petroquímica”, completou.

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