Elisa Costa e Dimmi Amora, da Agência iNFRA
Os empresários brasileiros estão mais otimistas com o crescimento do setor de infraestrutura ao longo dos próximos 12 meses, em comparação com demais empresários da América Latina. A informação foi divulgada pelo mais recente Termômetro de Infraestrutura, produzido pela GRI Club. Segundo os dados, 61% dos líderes de mercado entrevistados no Brasil consideram o cenário de investimentos na área como favorável.
Outros 27% dos empresários brasileiros consideram o cenário para os próximos meses como neutro e 12% consideram como desfavorável. O estudo, realizado em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, capta periodicamente as percepções do mercado de infraestrutura na região. Para esta edição, referente ao 3º trimestre de 2023, foram entrevistados 300 empresários com atuação relevante na América Latina.
No Brasil, a avaliação positiva pode estar relacionada ao lançamento do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que promete a retomada de obras que foram paralisadas e o início de novas construções. Segundo dados do governo federal, o programa prevê um investimento de R$ 240 bilhões com recursos do orçamento, nos próximos quatro anos, para transportes, energia, infraestrutura urbana, social e inclusiva, água e esgoto.
De acordo com o diretor executivo do GRI, Moises Cona, a melhora na expectativa de investimentos se dá também pela maturidade do país com relação aos investimentos privados, devido ao longo histórico de concessões. No México, por exemplo, quase todo o setor elétrico permanece no modelo estatal. “Nosso diferencial é a solidez das instituições e a capacidade técnica do setor público”, contou.
Em segundo lugar na lista de locais com mais empresários otimistas está o Peru, com 36%, seguido da Colômbia, com 23%. No México, a porcentagem favorável para o cenário é de 15% e no Chile, de 10%. Os empresários do Chile contabilizam ainda, a maior parcela entre os que consideram o cenário dos próximos 12 meses como neutro, com 70% e o Peru é o que contabiliza mais perspectivas desfavoráveis, com percentual de 45%.
Necessidade de avanços
Na média da região, que une o percentual de cinco países latinos, o levantamento apontou que o cenário de investimentos para a infraestrutura é considerado favorável por 47% dos entrevistados. Os que consideram o cenário neutro formaram 33% do total e os que consideram o cenário desfavorável somam 20%.
Para Moises Cona, mesmo com dados positivos, os empresários indicam a necessidade de avanço em alguns pontos, como o desenvolvimento de projetos na área de infraestrutura social, os quais têm grande demanda do setor privado e que podem gerar um alto impacto social. Além disso, é preciso também que os projetos rodoviários sejam redimensionados para incentivar a competição, expandindo a oferta de players.
O termômetro mostrou ainda que 46% dos líderes de mercado tiveram suas expectativas concretizadas parcialmente, nos últimos 12 meses. Outros 29% disseram que as expectativas não se concretizaram parcialmente, 15% avaliaram o quesito como neutro, 9% não teve as expectativas concretizadas totalmente e apenas 5% disseram ter suas expectativas concretizadas em sua totalidade.
Órgãos de controle
Também foi avaliado pelo levantamento o nível de relacionamento entre os órgãos de controle e o Poder Executivo. Nesse cenário, 33% dos empresários brasileiros apontaram uma melhora, enquanto 39% afirmaram que o relacionamento permanece igual e 28% relataram uma piora. Fora do Brasil, apenas a Colômbia e o Chile não registraram percentuais de melhora.
No que diz respeito à perspectiva de investimentos por setores nos próximos três anos, o Brasil registrou 69% de intenções de investimento em saneamento básico, 14% em energia elétrica e 5% em rodovias. Apenas 29% do empresariado brasileiro acredita realmente em um aumento expressivo no investimento público para a infraestrutura.
Na opinião dos entrevistados, o Brasil aparece em segundo lugar na lista de países com carteira de projetos e ambiente de negócios mais adequado para ações de infraestrutura e energia, com 25% dos votos. O Chile ficou em primeiro, com uma expectativa de 37%. Já o México, a Colômbia, o Uruguai, a América Central e Caribe, o Peru e o Paraguai ficaram abaixo dos 20%.
Parte do levantamento ouviu os empresários sobre o ambiente de negócio nos estados brasileiros e São Paulo apareceu como lider, com 66% dos entrevistados indicando ser o melhor ambiente para investimentos, seguido de Minas Gerais (11%), Ceará (7%) e Bahia (6%).
Perfil dos entrevistados
No que diz respeito ao perfil dos entrevistados, 86% são do sexo masculino e apenas 14% são do sexo masculino, sendo que a maior parcela está na faixa etária de 45 a 54 anos de idade e de 55 a 59 anos de idade. Além disso, 66% dos entrevistados ocupam cargos de diretoria, enquanto o restante é composto por gerentes, sócios e presidentes.