Dimmi Amora, da Agência iNFRA
O asfaltamento completo da BR-163 no Pará só ficará concluído na temporada de produção de 2019/2020, mas isso não vai garantir uma rodovia de boa qualidade para a principal rota de escoamento de produtos agrícolas do Arco Norte. Quando o asfalto chegar ao último trecho, os mais de mil quilômetros da estrada já pavimentados deverão estar deteriorados, com péssimo nível de serviço.
É o que previram os especialistas no setor reunidos no CTLog (Câmara Técnica de Logística e Infraestrutura) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no final de abril. De acordo com Edeon Vaz, coordenador do grupo, houve uma decisão adotada anos atrás de fazer o asfaltamento com uma camada de apenas seis centímetros. O recomendado, no entanto, seriam 12 centímetros para suportar o grande número de caminhões trafegando.
“Já alertamos a Casa Civil sobre isso e pedimos prioridade”, afirmou Vaz, lembrando que este ano devem ser concluídos 60 quilômetros de asfaltamento, ficando para 2019 apenas um trecho de 30 quilômetros, que estará em melhores condições de tráfego que a atual.
A decisão foi tomada porque havia um projeto para conceder a via, que chegou a ser incluído no PIL (Programa de Investimentos em Logística), de 2013. Mas os primeiros estudos apresentados não foram levados adiante. Com isso, o asfalto da via já começa a apresentar problemas, num momento em que o orçamento do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) é apenas 2/3 do necessário, segundo o próprio ministro dos Transportes, Valter Casimiro, informou em evento realizado pela ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), na semana passada.
De acordo com os dados da CTLog, o volume de carga que vai seguir para os terminais em Miritituba (PA), ponto de onde se segue de balsa, só vai aumentar. O crescimento já está ocorrendo em índices acima do esperado, o que deve pressionar ainda mais a rodovia. Os volumes, que eram insignificantes até quatro anos atrás, devem chegar a 27 milhões de toneladas exportados pela região neste ano.
Ferrogrão
A solução ferroviária para o transporte na região, a construção da Ferrogrão, demora não menos de oito anos. Conforme a Agência iNFRA adiantou em sua edição 277, a EDLP (Estação da Luz Participações), empresa responsável pelos estudos da Ferrogrão, protocolou um pedido para fazer uma PMI (Proposta de Manifestação de Interesse) de concessão da 163/PA até que a ferrovia esteja pronta.
Em encontro com investidores na última sexta-feira (4), o secretário de Fomento e Articulação do Ministério dos Transportes, Dino Antunes, lembrou que a Ecorodovias está com uma PMI do mesmo trecho aberta e será necessário perguntar se a empresa quer continuar o trabalho antes de abrir outra. Ele admitiu que será necessária uma solução para o trecho, já que o asfalto da região pode não aguentar e se tornar um problema até que a Ferrogrão esteja operando.