Marisa Wanzeller e Leila Coimbra, da Agência iNFRA
A estatal paraguaia Ande (Administração Nacional de Eletricidade) habilitou sete empresas no leilão que viabiliza a venda de energia no mercado livre do Brasil, na última sexta-feira (6). Os preços variaram entre US$ 7,73 e US$ 21,03 o MWh (megawatt-hora), valores que ficaram abaixo das expectativas do Paraguai, de pelo menos US$ 50 o MWh, disseram fontes. A definição da Ande sobre vender ou não a esses preços será tomada em cerca de dez dias.
O maior lance foi proposto pela Infinity Comercializadora, seguido pela Matrix Comercializadora e Âmbar Energia, do Grupo J&F. O certame colocou à venda 100 MW médios gerados na hidrelétrica de Acaray, que tem cerca de 200 MW de capacidade instalada.
Das onze empresas brasileiras interessadas, sete foram habilitadas com propostas de preço e tempo de contrato conforme descrito a seguir:
1) Enel Trading – USD 10,11/MWh de janeiro de 2025 a dezembro de 2026;
2) Matrix Comercializadora – USD 12/MWh por três anos (mínimo um ano);
3) Infinity Comercializadora – USD 21,03/MWh por seis anos;
4) Âmbar Energia (J&F) – USD 10,33/MWh por seis anos;
5) Engelhart CTP Brasil (BTG) – USD 7,73/MWh por três anos;
6) Kroma Comercializadora – USD 8,68/MWh por seis anos;
7) Vitol Power Brasil – USD 8,66/MWh de janeiro de 2025 a dezembro de 2030.
Ficaram de fora as comercializadoras Inpasa, Mercosur Energy, RZK e Volt Energy, que também se apresentaram para importar a energia.
Acordo de Itaipu
A venda de energia do Paraguai para o Brasil faz parte dos termos negociados para a reformulação do Anexo C do tratado de Itaipu. A ideia construída entre os dois países é que o Paraguai possa comercializar no ACL (Ambiente de Comercialização Livre) brasileiro a energia advinda de Itaipu que não for consumida localmente, a partir de 2027.
Até lá, o país já pode vender energia das usinas Yacryetá (3,2 GW) e Acaray (200 MW) no mercado livre do Brasil, atendendo a Portaria 596/2011 do MME (Ministério de Minas e Energia).
Tarifa
Os dois países demoraram a chegar a um acordo sobre o preço do Cuse (Custo Unitário de Serviços de Eletricidade), a tarifa de Itaipu, neste ano. Enquanto o Brasil pedia pela manutenção da tarifa em US$ 16,71 kW/mês, o Paraguai queria o aumento para US$ 22,06 kW/mês.
Em maio passado, as nações chegaram ao consenso no valor de US$ 19,28 kW/mês, mantendo o valor de US$ 16,71 kW/mês para os consumidores brasileiros. A partir de 2026, o Cuse refletirá apenas os custos operacionais de Itaipu, assim, os gastos discricionários serão retirados do cálculo.
O novo desenho do Anexo C deverá estar pronto até dezembro, quando será submetido ao Congresso Nacional.