Gabriel Vasconcelos, da Agência iNFRA
A diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Renata Baruzzi, anunciou nesta segunda-feira (18) que a companhia fará ainda em 2025 a licitação para reaproveitamento da plataforma P-37, que operou na Bacia de Campos. Assim como as unidades P-47 e P-35, esse FPSO (navio-plataforma) seria desmantelado, mas a Petrobras mudou os planos para recondicioná-las, a fim de aumentar seu tempo de vida útil e retorná-las à operação. Ela falou em evento organizado pelo estaleiro Mac Laren, na FGV-Rio (Fundação Getulio Vargas).
“A gente deve ir, ainda esse ano, com uma licitação para iniciar a primeira etapa do reaproveitamento de uma plataforma, que vai ser a P-37. Vamos, em um primeiro momento, fazer o desmantelamento daquilo que a gente avalia que não vai ser utilizado e, em paralelo, vamos desenvolver um projeto para usar esse casco. Aí vai ter toda a parte de troca de chapa, de topside. Estamos bastante animados com essa alternativa”, disse Baruzzi.
A Petrobras tem mais de 50 navios-plataformas com previsão de descomissionamento, mas estuda as possibilidades para revitalizar em vez de somente retirar de atividade os equipamentos. Outra unidade passível de ser recondicionada, já disse a presidente Magda Chambriard, é a P-19.
Segundo a diretora da Petrobras, à exceção das unidades fixas do Nordeste, todas as outras são elegíveis para o reaproveitamento se houver projeto onde possam ser usadas.
Especificamente no caso do casco da P-37, Baruzzi disse que dois projetos recentemente retornados à prancheta (reformulação), a revitalização dos campos de Marlim Sul e Marlim Leste e Barracuda-Caratinga, são “cadidatos naturais” para receber a unidade recondicionada.
“Aprovamos na semana passada o conceito [para recondicionamento da P-37], e o pessoal está ajustando a documentação para que a gente possa ir para a rua com isso. Fizemos RFI [request for information], que mandamos para mais de 100 empresas, para saber se tinham interesse em atuar nessa área, e recebemos bastante respostas positivas. Agora estamos ajustando o edital para poder lançar daqui a um mês e meio ou dois meses”, detalhou Baruzzi.
A Petrobras, continuou, planeja lançar o edital da P-37 este ano, o da P-35, “talvez” em 2026, e o da P-47 por último, porque a unidade ainda está sendo usada para a limpeza de linhas recolhidas.
Tecnologias alternativas
Baruzzi disse, também, que a Petrobras está buscando alternativas de tecnologia para embarcar em unidades novas ou revitalizadas. Segundo ela, por conta do crescimento da indústria de data centers, há escassez de turbogeradores.
“O leading time (tempo de entrega) de turbogeradores era de 11 meses e agora já está em 35 meses. Estamos trabalhando com a marinha, por exemplo, na questão da energia nuclear, que pode substituir esses turbogeradores”. Os equipamentos geram energia para o funcionamento das plataformas.
Barateamento
A executiva reforçou que outro objetivo da Petrobras é redução de custos por meio da simplificação de projetos a fim de reduzir a exposição da empresa às variações negativas da cotação do petróleo em período de instabilidade geopolítica.
“Estamos em um período bastante conturbado em termos geopolíticos. O petróleo começou o ano na casa dos US$ 80 [por barril do tipo Brent] e já estamos chegando aos US$ 66. Estamos tentando simplificar o Plano [Estratégico]. As Empresas tem colaborado muito. Para Seap 1 e 2 [projeto Sergipe Águas Profundas], que está em licitação, a gente conseguiu reduzir em mais de 20% o peso do topside”, disse a diretora da Petrobras.
Ainda sobre Seap, a diretora disse que a licitação acontecerá em 30 de setembro, e que estatal vai receber pelo menos quatro propostas. “Estamos bem animados. O projeto foi muito simplificado, com a diminuição do topside, com menos aço, menos redundância, menos folgas [de projeto]”, disse a diretora da Petrobras.
