iNFRADebate Live: Presidente da Valec anuncia mais R$ 150 milhões para a obra da Fiol 2 ainda neste ano


da Agência iNFRA

A Valec deve receber, em setembro, R$ 150 milhões a mais para as obras da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), que serão usados no trecho 2. Foi o que afirmou na última sexta-feira (28) o presidente da estatal, André Kuhn.

A informação foi dada durante o iNFRADebate Live, da Agência iNFRA. Segundo ele, os investimentos públicos no trecho entre Caetité (BA) e Barreiras (BA) vão ajudar a viabilizar a concessão futura dessa ferrovia.

“Estamos com a sinalização de receber em torno de R$ 150 milhões ainda em setembro. Isso vai permitir o aumento do ritmo de execução. Mês passado executamos cerca de R$ 38 milhões e teríamos condição, hoje, de viabilizar os lotes 5 e 7, com R$ 25 milhões/mês cada. O ritmo está adequado ao cronograma físico-financeiro, prevendo chegar até o fim de 2022, uma execução de 85% da obra. Isso irá viabilizar a concessão”, explicou. Assista ao evento na íntegra abaixo:

Ainda de acordo com Kuhn, a estatal está apoiando a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) nas respostas a todos os questionamentos feitos pelo TCU (Tribunal de Contas da União) acerca da viabilidade da concessão do trecho 1 (Ilhéus a Caetité, na Bahia). Com isso, a expectativa é que a liberação para o leilão aconteça dentro do cronograma esperado.

Presente ao encontro, o diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz, disse que o governo precisa rever o projeto da Fiol 3, que ligará Barreiras (BA) à Ferrovia Norte-Sul. Ele defende a modificação do traçado já estudado pelo governo, passando a chegada da ferrovia ao município de Mara Rosa (GO), o que faria uma conexão direta com a Fico (Ferrovia de Integração do Centro-Oeste).

“Existem duas razões muito importantes que a tornam mais lucrativa. A primeira é que, ligando a Mara Rosa, você vai evitar o pagamento de direito de passagem por cima da Ferrovia Norte-Sul. A segunda é que uma concessão de 383 km é diferente de uma de 900 km. Por isso, é muito mais viável fazer uma concessão Água Boa/Barreiras ou Água Boa/Caetité do que fazer uma Água Boa/Mara Rosa”, comentou.

Já o presidente da estatal falou sobre a possibilidade de mudança de traçado da Fiol 3. Para ele, o Evtea (Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental) da ferrovia cria certos entraves em suas modificações. Contudo, a mudança é vista com bons olhos pelo governo.

“O estudo de viabilidade da Fiol foi feito há mais de 10 anos. Nele, havia uma série de condicionantes que amarraram o traçado. A Fiol 3 termina em Figueirópolis e acho essa preocupação colocada pelo Edeon muito adequada”, afirmou.

Conclusão da Transnordestina
Durante o encontro, Kuhn falou ainda sobre a conclusão das obras da Transnordestina. Segundo ele, em dois meses a Valec deve contratar uma consultoria para criar uma alternativa à proposta de caducidade da ferrovia, que já foi enviada pela ANTT ao ministro da Infraestrutura. O plano deve ser entregue a Tarcísio de Freitas até o início de 2021.

“Essa com certeza será a missão mais difícil. A caducidade está na mão do ministro e ele não vai assiná-la antes de analisar todas as possibilidades viáveis para achar uma solução ao problema. Estamos há dois meses preparando um modelo de referência para contratar uma consultoria especializada. Vamos ter que fazer ajustes complexos na modelagem e, por isso, decidimos buscar esse suporte. Acredito que em duas semanas faremos essa contratação e em quatro meses apresentaremos ao ministro uma solução alternativa à caducidade”, afirmou.

Sobre o assunto, o presidente do Movimento Pró-Logística sugeriu que as empresas ligadas aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE), interessadas na finalização da ferrovia, poderiam realizar investimentos para ajudar a finalização da ferrovia.

“Estamos em um momento em que o governo não tem dinheiro para aplicar. Talvez seria interessante naquelas grandes empresas que tem em Pecém e em Suape. Já que elas têm interesse em receber nessa ferrovia elas poderiam investir”, argumentou.

Infra SA
Outro ponto levantado na live foi em relação à união entre Valec e EPL (Empresa de Planejamento e Logística). A intenção é transformar a nova empresa, denominada provisoriamente de “Infra SA” (Infraestrutura de Transportes S/A), em uma empresa com menor dependência de recursos públicos e com mecanismos para se financiar.

De acordo com o presidente da Valec, a ideia de união entre as duas empresas partiu de um entendimento do ministério de que ambas são importantes para a atuação do governo em setores como o rodoviário e o ferroviário e, portanto, não poderiam ser privatizadas.

“Não faz sentido uma privatização das duas empresas. A nossa atividade envolve uma atuação direta sendo um braço do governo para atuar na área de modelagem, estudos de viabilidade de empreendimentos ferroviários e rodoviários”, falou.

Sobre o processo, Kuhn afirmou que estatal vem fazendo reduções expressivas em seus gastos para que a União possa acontecer no tempo previsto pelo ministério, citando a entrega de quatro andares de um prédio e redução de custos com os serviços terceirizados. O presidente do Movimento Pró-Logística concordou que a união das duas empresas será importante e comentou que a área ferroviária do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) poderia ser incorporada na proposta.

“O Brasil não pode ficar sem uma área de planejamento em infraestrutura. Temos a oportunidade de juntar duas empresas, uma especializada em ferrovia e a outra que pensa no planejamento da infraestrutura a médio e longo prazo. Por isso entendo que essa fusão é muito boa”, comentou.

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