Concessionário do Porto de Santos precisará desenvolver novas áreas

Tales Silveira, da Agência iNFRA

O diretor-presidente da SPA (Santos Port Authority), Fernando Biral, afirmou que o modelo de desestatização do Porto de Santos (SP) prevê que o futuro concessionário será o responsável por desenvolver a área do fundo do canal do porto.
 
A afirmação foi feita durante apresentação no Santos Export, encontro realizado na última terça-feira (24), no Guarujá (SP). Segundo Biral, o conceito de porto-indústria, formado por clusters industriais próximos aos portos, pode ser implementado. Contudo, a maior preocupação atual da SPA é o desenvolvimento do fundo do canal portuário.
 
“O porto pode ser futuramente entendido como porto-indústria. Mas não tem como colocar indústrias lá dentro agora porque toda a área, que é pequena, já está arrendada. O grande desafio neste momento é desenvolver [a área do] fundo do canal, o que deverá ser uma obrigação a ser passada para o futuro concessionário”, disse.
 
Ainda de acordo com o diretor-presidente, o contrato terá gatilhos para que o futuro landlord deva desenvolver novos locais. O objetivo é que o porto possa atender futuros aumentos nas demandas.
 
“No modelo de desestatização, provavelmente teremos gatilho para a necessidade de novos investimentos, a fim de que não haja estrangulamento do porto de Santos. O concessionário terá que materializar uma nova área para que não haja esse problema. A ideia é não ter de reduzir espaços, o que aumentaria os custos dos produtos”, informou o presidente da estatal.
 
Biral respondeu também sobre preocupações dos atuais arrendatários de áreas no porto acerca das renovações de contratos, defendendo que o modelo privado oferece mais facilidades nas renovações, uma vez que o modelo público demanda novos processos de licitação para as áreas.
 
Dessincronia
No debate sobre o PDZ (Plano de Desenvolvimento e Zoneamento) e da clusterização do Porto de Santos, o consultor da Katalysis, Frederico Bussinger, apontou que não há sincronia entre os planos de desenvolvimento do porto e os planos para renovação dos contratos da Rumo e da MRS no porto.
 
“Analisei o PDZ, o plano mestre, as autorizações vigentes e a renovação da Malha Paulista e da MRS. Se tudo for implantado, o déficit de capacidade ferroviária será o dobro do que existe hoje. Há uma dessincronia entre os planos. É preciso refazer as contas”, disse.
 
Ferrovia pronta
Momentos depois, em outro painel, o diretor-executivo da ANTF (Agência Nacional de Transportes Ferroviários), Fernando Paes, rebateu as afirmações trazidas por Bussinger. Ele apontou que as renovações contratuais das três ferrovias que operam no Porto de Santos (Rumo, MRS e FCA) trarão condições para realizar o escoamento de carga.
 
“A Rumo, com a sua renovação, vai mais que dobrar a capacidade da Malha Paulista. A MRS tem toda a condição de fazer os investimentos necessários na ferradura e de diversificar a carga. A ferradura já aumentou de cinco para 50 milhões de toneladas de capacidade. No plano de negócios, está previsto investimento para que esse número chegue a 100 milhões de toneladas. A FCA vai ampliar os acessos à baixada”, explicou.
 
Mais rodovia
O segundo painel contou ainda com o diretor de Concessões Rodoviárias do Grupo EcoRodovias, Rui Klein. Ele relatou que a rodovia está capacitada para aguentar o aumento no número de carga a ser transportada pela rodovia. Mas pontuou que novos projetos para aumentar os escoamentos devem ser discutidos com o governo.
 
“O número que irá ser incrementado nós aguentamos, mas com uma operação mais delicada. Entendemos que há de se trabalhar novos projetos”, comentou.
 
Perdas
O diretor-executivo da Centronave (Centro Nacional de Navegação Transatlântica), Cláudio Loureiro, apontou que, atualmente, o calado de acesso ao Porto afeta a embarcação de carga nos navios. 
 
“Em um navio que hoje frequenta Santos, a cada centímetro de perda de calado eu deixo de embarcar 110, 120 toneladas de carga. Isso dá em torno de 8 a 12 contêineres, dependendo do peso médio da carga. São 500 mil TEUs ano. Perda de 15% de produtividade. Também precisamos cuidar de todos os acessos de forma holística. Caso isso não aconteça, não conseguiremos aumentar a produtividade global de operação”, disse.

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