13/06/2025 | 14h11  •  Atualização: 16/06/2025 | 09h10

Atraso do LRCAP coincide com inflação de equipamentos para termelétricas e vai pressionar preços, diz CEO da Eneva

Gabriel Vasconcelos, da Agência iNFRA

O CEO da Eneva, Lino Cançado, disse nesta quinta-feira (12) que o atraso na realização do LRCAP (Leilão de Reserva de Capacidade) coincide com o aumento da inflação de equipamentos no setor de termelétricas e vai pressionar o preço final da energia contratada nesse modelo.

Segundo o executivo, do último LRCAP até hoje, a inflação dos componentes em dólar é da ordem de 40% e segue escalando. A competição por equipamentos, afirma, tem sido “grande e promovida por agentes com muito poder financeiro”, em países como Estados Unidos e Arábia Saudita.

“Se você está tentando se posicionar junto aos fornecedores hoje, botar algum tipo de garantia, não consegue nem dar uma data, porque não tem portaria. Não consegue abrir discussão com fornecedor. Isso está piorando o cenário para o Brasil. Quando as empresas brasileiras finalmente forem buscar os equipamentos, isso vai dificultar, vamos ter de embutir (essa inflação) no preço”.

Conjuntura
Cançado explica que dois fatores têm sido decisivos para o aumento de preços no setor. O primeiro deles é o aumento do consumo de energia nos Estados Unidos, na esteira do “boom” de inteligência artificial. Depois, no Oriente Médio, haveria um grande movimento de conversão das usinas a óleo, que compunham mais de 90% do parque na região, para gás, um movimento puxado pela Arábia Saudita, mas que estaria sendo seguido pelos países vizinhos.

Nas palavras de Cansado, trata-se de países com “bolsos ultraprofundos” e um planejamentos a serem executados, o que tende a sustentar essa demanda por equipamentos.

“Os Estados Unidos não aumentavam o consumo per capita de energia há quase 15 anos. Com a IA, esse consumo per capita americano já subiu mais de 10%. Isso é uma brutalidade de energia, por se tratar da maior economia do mundo. Eles estão demandando demais equipamentos de geração a gás. E, nos EUA, ainda tem a questão da conversão de (unidades) a carvão para gás”, diz Cançado.

Em terceiro plano, lembra, ainda tem a demanda da Europa que, após o início da guerra na Ucrânia, construiu uma série de terminais de GNL como alternativa aos gasodutos que traziam gás russo, e segue instalando usinas termelétricas próximas a essa infraestrutura.

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