Cortes de geração hidrelétrica estão aumentando o risco hidrológico, diz Marisete Dadald

Marisa Wanzeller, da Agência iNFRA

Os cortes de geração hidrelétrica determinados pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), conhecidos como constrained-off ou curtailment, têm elevado o GSF (sigla em inglês para risco hidrológico), segundo a presidente da Abrage (Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica), Marisete Dadald Pereira.

Marisete, que é ex-secretária-executiva de Minas e Energia, destacou que não há norma para essa questão e, por isso, os geradores hidrelétricos não são ressarcidos nesses casos. Segundo ela, a tratativa do tema junto à ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) está no Planejamento Estratégico da associação. 

“Não tem legislação que dê tratamento para isso. Na regulação da ANEEL já tem norma definida para corte de solar e eólica, e não tem para as hidrelétricas”, disse na terça-feira (24) à imprensa. 

A diretora da associação Camilla Fernandes destacou que, mesmo no ano passado, que foi um período de boa hidrologia, houve aumento de GSF, “justamente por esse corte”. Ela ainda ressaltou que as hidrelétricas estão sendo cortadas na operação antes das fontes eólica e solar. 

“[Hidrelétrica] é a única fonte que não tem [ressarcimento]. Térmica sempre teve. Eólica tem desde 2021, solar tem desde 2023, e hidrelétrica não tem. Esse assunto está na agenda regulatória [da ANEEL] desde 2018 e vem sendo postergado. Tem [o processo] cadastrado, mas tem sido postergado ano a ano”, afirmou. Camilla informou que a associação tem solicitado que o tema seja de fato tratado pela agência.

Energia mais cara
Marisete Dadald entende que, caso o período úmido de 2024, que deve se iniciar em outubro, não seja suficiente para compensar o período seco de 2025, isso deve acarretar em maiores custos para o consumidor. Isso porque o ONS precisará despachar um maior volume de térmicas, dentre outros recursos a serem utilizados para atendimento da ponta. 

Ela destaca que a situação neste ano é diferente da que decorreu da seca vivenciada em 2020 e 2021. Segundo Marisete, àquela época o problema foi energético, enquanto atualmente trata-se de uma questão elétrica, de confiabilidade. 

Enquanto há um “excesso de fontes intermitentes”, os “recursos que agregam flexibilidade ao sistema”, que são as hidrelétricas e as térmicas, não cresceram em volume suficiente para atender essa confiabilidade, explicou. 

“Tem muita GD [Geração Distribuída], tem muita solar centralizada, o volume de fontes intermitentes aumentou nesses três anos. Então, por isso que eu me refiro a custo. É esse programa de resposta da demanda que a ANEEL aprovou e o MME vem implementando, é o despacho de algumas térmicas por determinadas horas”, destacou a presidente da associação. 

Marisete ainda destacou que o nível de armazenamento dos reservatórios atualmente está mais confortável que em 2021. Em setembro daquele ano, estava em 25,5% e atualmente está em 51,3%.

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