Rodrigo Zuquim, da Agência iNFRA
A avaliação da infraestrutura de transporte no Brasil apresentou resultados positivos em 2020, de acordo com pesquisa de opinião realizada pela Fundação Dom Cabral entre empresários dos setores rodoviário, ferroviário, aéreo e portuário. A pesquisa integra o Relatório Global de Competitividade do Fórum Econômico Mundial, que será lançado em 16 de dezembro.
O país passou a ocupar a 108ª posição no ranking sobre a qualidade da infraestrutura rodoviária, subindo oito posições em relação ao ano passado. O resultado mostra uma recuperação frente à queda sofrida em 2019, quando o Brasil perdeu quatro posições na comparação com 2018. O setor rodoviário ainda fica abaixo do desempenho médio da América Latina, que ocupa o 79º lugar no ranking, mas seu crescimento foi o dobro do da região no período.
Quanto à eficiência dos serviços portuários, a pontuação do Brasil também é menor em relação à região latinoamericana, mas apresenta um crescimento de 13 posições, indo da 104ª à 91ª posição. O desempenho também é melhor do que o da média da região, que subiu nove colocações no quesito.
Já os serviços ferroviários subiram apenas um degrau no ranking, partindo do 86º ao 85º lugar. Ainda que tenha obtido um crescimento modesto, o Brasil aumentou a distância da América Latina de três para cinco posições. O desempenho médio da região piorou e decaiu uma colocação no ranking (da 89ª em 2019 para 90ª em 2020).
Assim como no setor ferroviário, a eficiência dos serviços de transporte aéreo no país apresentou resultados melhores do que a média da região, o que representou uma virada em relação ao ano anterior. O Brasil teve um crescimento de 18 posições, saltando do 85º para o 67º lugar. A América Latina, que em 2019 estava à frente do Brasil, na 81ª colocação, subiu 11 degraus e está em 70º lugar no ranking.
A infraestrutura é um dos pilares de competitividade que compõem o ranking global do Fórum Econômico Mundial, que abrange 141 países. Para esse pilar, além da pesquisa de opinião dos empresários setoriais, os resultados são baseados na análise dos dados do Índice de Conectividade Rodoviária (Fórum Econômico Mundial), do Índice Linear de Conectividade do Transporte Marítimo (UNCTAD), do Índice de Conectividade Aeroportuária (Iata) e da densidade ferroviária segundo os Indicadores do Desenvolvimento Mundial (Banco Mundial).
Os resultados da pesquisa foram apresentados na última quarta-feira (18), no 2º Seminário de Competitividade do Setor de Infraestrutura, promovido pelo Ministério da Infraestrutura e pela Fundação Dom Cabral. Acesse o slide da apresentação da pesquisa aqui e assista ao evento neste link.
Liderança na América Latina
O secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, citou os números do ranking na abertura do evento Brasil Export, realizada na segunda-feira (23), em Brasília. Sampaio afirmou que a pasta se colocou o desafio de alcançar a liderança na América Latina nesses fóruns mundiais de competitividade e os resultados de 2019 foram um avanço. Segundo o secretário-executivo, é a forma também como a pasta quer medir o desempenho de suas ações.
“O ministro diz que trabalho é igual a força vezes deslocamento. Temos procurado aferir esse deslocamento. Não adianta fazer muita força e no final do dia ficar no mesmo lugar. Isso não é trabalho”, disse Sampaio.
Contratos de R$ 31 bilhões
Segundo o secretário, o setor ferroviário, que foi o que menos cresceu, deve ganhar mais velocidade a partir do próximo ano, quando a Ferrovia Norte-Sul estará com o seu trecho concedido à Rumo em início de operação.
No evento, Sampaio também apresentou números de investimentos que o governo realizou e que pretende perseguir até o fim da atual gestão. Segundo ele, em 2020, a pasta assinou contratos de concessões e arrendamentos que preveem, ao longo dos próximos anos, R$ 31,3 bilhões em investimentos. O valor é maior que os cerca de R$ 28 bilhões de contratos assinados no ano de 2019.
Já no caso dos investimentos efetivamente realizados no ano, a pasta prevê que serão aplicados em investimentos com recursos públicos e privados um total de R$ 29 bilhões em 2021. Em 2022 e 2023, as previsões são de R$ 32 bilhões.
A diferença, segundo Sampaio, será o crescimento do setor privado na participação dos dispêndios. Em 2021 o percentual estimado é de 48%. Ele subirá para 66% em 2022 e para 74% em 2023, de acordo com as projeções da pasta. (Colaborou: Dimmi Amora)