Diretora do BNDES diz que média de project finance do banco está em R$ 80 bilhões por ano

Bernardo Gonzaga, da Agência iNFRA

A diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciana Costa, disse nesta quinta-feira (22) que a média de aprovação de project finance na atual gestão do banco está em R$ 80 bilhões por ano, ante R$ 40 bilhões na gestão passada. 

“Nós dobramos a aprovação de projetos muito complexos e os projetos de energia renovável estão dentro destas aprovações”, disse a diretora em seminário que discute transição energética e mercado de carbono. 

Costa também disse que a transição energética no Brasil vai ser mais barata do que em relação ao restante do mundo. Isso porque apenas 18% das emissões de CO2 vem do setor energético, enquanto a média do mundo é de 80%. 

“Por isso que a nossa transição vai ser mais barata. A gente não precisa mudar toda infraestrutura de produção, transporte e armazenagem de energia. A gente já criou um arcabouço regulatório muito sofisticado no setor elétrico e no setor de infraestrutura no Brasil tem uma atuação do capital público e privado. Isso tem sido um consenso, o capital privado financia infraestrutura no país. Por que fizemos isso? Porque temos uma taxa de juros muito alta e restrição fiscal”, disse. 

Costa também disse que o investimento em infraestrutura de energia elétrica caiu 20% de 2015 a 2022 no Brasil. Segundo a diretora do BNDES, o investimento no setor começou a aumentar a partir de 2023, quando houve um crescimento de investimento de 16%. 

Debêntures incentivadas

Segundo o subsecretário de Acompanhamento Econômico e Regulação do Ministério da Fazenda, Gustavo Ferreira, o país terminou o ano de 2024 com cerca de R$ 100 bilhões em emissões de debêntures incentivadas. Até 2022, segundo ele, a média era de R$ 30 bilhões ao ano. 

“A gente fez uma mudança no regulamento ainda em 2024, direcionando esses benefícios (…) para os setores que podem emitir essa debênture, para esses setores vinculados à transformação ecológica, por exemplo a mineração, a transformação mineral, e saímos de R$ 30 bilhões para R$ 100 bilhões. O BNDES é investidor âncora, é estruturador, mas induz muito capital privado para esse investimento”, disse. 

Hidrogênio verde

Segundo Gustavo Pimenta, CEO da Vale, o Brasil poderia produzir em um futuro não muito distante, o aço a partir do hidrogênio verde com base em fontes renováveis. E, com isso, abrir uma rota de industrialização do “aço verde”. 

“Você tem o minério de alto teor, você tem a fonte renovável de qualidade e partir dali você tem o hidrogênio que vira um combustível para você produzir amônia e fazer outras coisas como para redução [de carbono] para produção do aço”, disse Pimenta ao dar exemplo de uma das ações da Vale para diminuir a pegada de carbono na indústria do aço. 

O CEO também disse que atualmente, a companhia, sozinha, consome cerca de 2% do diesel do Brasil, principalmente ligado à sua frota de caminhões e locomotivas.

*Esta matéria foi atualizada em 23 de maio de 2025 para corrigir uma informação referente à fala do CEO da Vale sobre o consumo do diesel pela companhia. Na versão anterior, fazia-se referência ao consumo pela frota marítima, mas o correto diz respeito à frota de locomotivas e caminhões.

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