Empresas de pagamento automático querem propor unificar pagamento de pedágio free flow de todas as concessões

Dimmi Amora, da Agência iNFRA

Num futuro em que todos os pedágios do país vão se utilizar do modelo free flow, os motoristas que não tiverem instrumentos de pagamento automático poderão ter dificuldade em identificar onde devem pagar pela passagem nas rodovias pedagiadas.

A avaliação é do presidente da Abepam (Associação Brasileira de Empresas de Pagamento Automático para Mobilidade), Carlos Gazaffi, que quer propor um modelo para que as empresas do setor de pagamentos possam ser usadas como uma espécie de arrecadador geral para as concessionárias.

“Seria como as lotéricas, que funcionam como correspondente bancário. A ideia é que o usuário coloque num site seu número de placa e possa ver onde ele está devendo pagamento de pedágio e pagar”, defendeu Gazaffi.

Segundo ele, com o modelo de hoje, em que cada concessionária tem seu próprio local de arrecadação na internet para os motoristas que não têm sistemas automáticos, poderá ser difícil para o usuário que deseja pagar identificar para qual concessionária ele está devendo, à medida que novas concessões forem implantando o sistema.

O presidente da associação lembrou que o plano do país é elevar de 25 mil para 50 mil quilômetros de rodovias pedagiadas, o que vai ampliar significativamente o número de concessões, incluindo a de estados.

Os governos federal e de São Paulo já anunciaram que pretendem fazer a mudança para o free flow de todas as suas concessões rodoviárias. Em outros estados, como Rio Grande do Sul e Minas Gerais, as concessionárias já estão modelando suas praças para o novo modelo.

Início bem sucedido
Para Gazaffi, o início da implantação do sistema no Brasil pode ser considerado até o momento bem sucedido. O nível de inadimplência no primeiro teste, na concessão da CCR Rio-SP, trecho da BR-101/RJ, chegou a 13%. Ele lembra que nos países desenvolvidos esse número fica na casa dos 8% a 9%.

Outro indicador positivo para o sistema é que, mesmo sendo proposto por diferentes agências federais e estaduais, tem sido preservado o que ele chama de coração do funcionamento do sistema, que são a identificação por sistemas eletrônicos em uso no país e o incentivo para quem os utiliza.

Mas o presidente da associação, que dirige a empresa Sem Parar, alerta que ainda não se pode considerar que o “jogo está ganho”, diante do fato de que tem havido movimentos esporádicos contra a cobrança. 

Um dos fatores que devem ser levados em consideração é que a primeira experiência é entre o Rio e São Paulo, dois dos estados mais ricos da federação. É preciso avaliar se o comportamento em outras praças será o mesmo.

Ampliar descontos
Para ele, também são necessárias ações para ampliar o desconto aos usuários que se utilizam dos meios de pagamento automático. Enquanto em alguns países que utilizam o free flow esse desconto chega a ser de 40%, aqui ele tem se limitado a 5%. 

Segundo Gazaffi, os números no teste em andamento na CCR Rio-SP apontam para uma correlação entre o aumento do número de veículos que usam pagamento eletrônico e a redução da inadimplência.

“A inadimplência começou em 22% a 23% e tínhamos 38% de veículos com TAG. Agora, são 70% de veículos com TAG e o patamar de inadimplência está em 13%. A curva acompanhou”, disse Gazaffi. A associação realizou um estudo apontando que o valor ideal para o desconto pelo uso da TAG está na casa dos 18%.

Outro fator para o sucesso do projeto é que o governo e as concessionárias devem ampliar a divulgação para que o modelo seja conhecido e aceito pelo público. E não podem abrir mão dos instrumentos de enforcement, para que os inadimplentes paguem. Segundo ele, há casos de sucesso e insucesso no mundo e é preciso seguir com uma regulação forte para chegar ao sucesso aqui.

“Há três anos, a gente tinha muita dúvida sobre esse sistema. Hoje, temos mais consenso do que divergências. Poucas coisas no Brasil têm um alinhamento e uma convergência tão positivas como o free flow”, opinou.

Ampliação do mercado
A ampliação do número de rodovias que utilizarão o free flow deverá também fazer com que o mercado de TAGs siga aumentando, na avaliação do presidente. Desde a criação da Abepam, há dois anos, o número de utilização do instrumento subiu 50% no país, alcançando 2 bilhões de transações anuais (não apenas em pedágios).

Já são 12 milhões de veículos com TAGs, mas ele acredita que é possível que esse mercado amplie, diante de uma frota de 60 milhões no país.

“O mercado de TAGs pode ir a 20 milhões em dois a três anos com esse vento a favor das concessões e a inovação no free flow. A visão da associação é positiva”, afirmou Gazaffi, que, no fim do ano, deixará o posto de presidente da Abepam, num rodízio pré-combinado com as outras associadas.

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