Leila Coimbra e Guilherme Mendes, da Agência iNFRA
Simulações foram feitas levando-se em consideração um cenário mais plausível de queda de consumo, que deve ser de 10% – e de inadimplência, na faixa de 12%.
Também foram identificados saldos existentes de cobertura tarifária para compensação da perda de arrecadação das distribuidoras. Dentre eles as bandeiras, que estão com superávit de R$ 1,3 bilhão; e contratos de disponibilidade, que levaram em consideração um PLD médio de R$ 180 o MWh – mas que deve permanecer no piso durante praticamente o ano todo, de R$ 39,68 o MWh.
Os valores de cobertura do risco hidrológico calculados também devem ser menores do que os colocados nas tarifas, diante da exposição a ser valorada ao PLD, que está no patamar mínimo.
Empresas ainda falam de R$ 15 bi a R$ 20 bi
Os executivos de algumas das principais companhias, presentes em um webinar da XP Investimentos na tarde da última quarta-feira (29), continuaram falando em valores na casa de dois dígitos, preferencialmente entre R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões.
“Se ela [a ajuda financeira] vai ser de R$ 15 bilhões a R$ 17 bilhões, como defende a Abradee, se será de R$ 10 bilhões a 12 bilhões, não importa – o que importa é o timing” defendeu o CEO da Copel (Companhia Paranaense de Energia), Daniel Slaviero.
“A nossa crise começou em meados de março, já passamos abril, e na sexta entramos em maio.” Para o executivo, há um senso de urgência pelo poder público, mas isso precisa entrar em ação o mais breve possível, “sob risco de agentes começarem a não honrar contratos”.
Miguel Setas, que é CEO da EDP Brasil, discordou de que o montante a ser aberto em crédito importa menos do que quando ele será destinado: “Há que se ter um valor mínimo, confortável, nos próximos meses”, pontuou. Para Setas, o valor ainda pode ser debatido, mas “qualquer coisa entre R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões já parece que é consensual no ano. Nos três próximos meses, com cerca de R$ 4 bilhões ou R$ 5 bilhões, com o aliviar dos efeitos para o final do ano”.
Já o CEO da Engie, Eduardo Sattamini, também defende que a resposta dada pela Conta-Covid deve ser rápida. Sattamini, porém, argumentou que as medidas discutidas pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) no sentido da renegociação de contratos devem ser analisadas mais profundamente.
“O que a ANEEL vem é com uma segunda onda de solução – e ela não pode conturbar esta primeira onda”, comentou. “Precisamos garantir que as medidas não se contaminem, e que as medidas de curto prazo [Conta-Covid] sejam implementadas e deem tranquilidade para que trabalhemos em soluções de médio e longo prazo.”