“Estamos operando aqui com custo de logística 15% menor que o americano”, diz Ceo da Rumo

Dimmi Amora, da Agência iNFRA

Os custos logísticos para se levar grãos da região de Rio Verde (GO) pela Ferrovia Norte-Sul são 15% menores que a média dos custos dos produtores americanos.

É o que diz o CEO da Rumo, Beto Abreu, empresa concessionária do trecho da ferrovia que vai de São Paulo ao Tocantins e que conseguiu concluir a ligação entre a parte norte e sul no mês passado. 

Uma cerimônia oficial de inauguração da ferrovia, que seria realizada na cidade de Rio Verde, foi adiada na última sexta-feira (16) por falta de condições de voo para a chegada do presidente da República, Lula. O presidente pediu para que fosse remarcada outra data para estar presente.

“O terminal de Rio Verde talvez seja um dos pontos mais competitivos para colocar soja nos destinos, principalmente na Ásia. Estamos operando aqui com um custo de logística que é 15% menor que o americano”, disse Beto em entrevista à Agência iNFRA no local do evento.

Para ele, a competitividade logística proporcionada pela ferrovia tende a manter o Brasil como o primeiro mercado a ser procurado no mundo, trazendo mais força para aumentar a posição do Brasil na comercialização global de grãos.

“O Brasil já é o número um em milho e soja. E essa distância tende a aumentar porque os EUA estão há oito anos produzindo exatamente a mesma coisa e consumindo mais no mercado interno, e exportando menos.”

Beto Abreu disse ainda que a ferrovia vai explorar outros mercados, especialmente o de fertilizantes. O terminal de Rio Verde da Rumo já tem uma fábrica de fertilizantes associada, e, com isso, será possível subir o fertilizante mais para o norte do estado, até o Tocantins, o que não se podia pela falta de conexão ferroviária anteriormente.

Mercado de contêineres
Há grande expectativa, contudo, para que a ferrovia possa entrar no mercado de contêineres. Segundo ele, acordos já estão sendo costurados para que produtos do polo industrial de Anápolis (GO) possam ser levados a Santos (SP).

“Anápolis é o terceiro maior polo industrial do Brasil. Queremos subir com toda sorte de produtos, principalmente autopeças, do Porto de Santos para Anápolis, e descer com outras cargas. Já há negociações em andamento”, disse o CEO. “Descem por ano 45 mil contêineres de Anápolis para Santos de caminhão. Fazer isso a um custo 25% menor, que é hoje o custo da ferrovia, e com todo o impacto ambiental que isso trás, é espetacular.”  

Outra carga que, para Abreu, é “muito óbvia” são os combustíveis. Goiás é o terceiro maior produtor de biodiesel e o segundo de etanol. E o mercado consumidor está em São Paulo, lembrou o CEO. 

Priorizar Santos
Por enquanto, segundo Beto Abreu, o direcionamento da empresa é por priorizar que as cargas vão para o Porto de Santos (SP), sem se utilizar do trecho ferroviário ao norte, que é operado pela VLI, empresa que tem a Vale como sócia. 

Segundo ele, não há problemas regulatórios para que as empresas possam transitar uma pela malha da outra. A Ferrovia Norte-Sul tem duas concessões. Entre Maranhão e Tocantins é operada pela VLI, e de Tocantins a São Paulo, pela Rumo. 

“Neste primeiro momento, vamos concentrar nossa operação descendo para o sul. Não temos em curto prazo a necessidade de usar a malha da VLI e da Vale para sair para o Itaqui [MA]. A VLI é muito mais competitiva para isso.”

“Mais alegrias”
Beto Abreu disse que a empresa está satisfeita com o negócio, que foi obtido num leilão em 2019, disputado com a VLI, e para o qual a Rumo pagou uma outorga de quase 100% acima do valor mínimo. A empresa teve que investir outros R$ 4 bilhões para completar obras pendentes e comprar equipamentos.

“Foi um negócio que deu trabalho, mas está dando até mais alegrias que o esperado. O maior desafio do país agora é a saída para a Bahia e precisamos de um porto lá”, disse o CEO.

Funcionamento imediato
O diretor de Assuntos Regulatórios da Rumo, Guilherme Penin, afirmou que a ferrovia vai entrar em operação no novo trecho imediatamente, buscando obter carga nas regiões norte e central de Goiás, onde já há estruturas que podem operar trens, perto da ferrovia.

De acordo com Penin, com mais os cerca de mil quilômetros de ferrovias integradas ao sistema, a expectativa é aumentar o volume transportado. Em 2022, com apenas cerca de 1/3 da ferrovia operacional, foram transportadas 7 milhões de toneladas, segundo ele. Isso representa cerca de 25% do mercado exportador de Goiás.

Conexão
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, afirmou que a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) e a Fico (Ferrovia de Integração do Centro-Oeste) vão se conectar diretamente na cidade de Mara Rosa, no estado, numa futura concessão. De acordo com ele, a informação foi dada a ele pelo ministro dos Transportes, Renan Filho.

A declaração foi dada na cerimônia de inauguração da Ferrovia Norte-Sul nesta sexta-feira (16), em Rio Verde. A cerimônia oficial acabou adiada porque o presidente da República, Lula, não conseguiu pousar na cidade por falta de condições meteorológicas.

Caso se confirme, será uma mudança do projeto de concessão dessa ferrovia ligando os trechos em construção da Fiol e da Fico. O projeto anterior ligava a Fiol na Ferrovia Norte-Sul em Figueirópolis (TO). 

Agora, segundo o governador, a conexão entre a Fiol e a Fico não precisará mais passar pela Norte-Sul, o que seria necessário se ela fosse feita no Tocantins. Parte do setor do agronegócio indicava que passar pela Ferrovia Norte-Sul poderia criar custos e dificultar o transporte dos produtos em direção aos portos da Bahia.

O posicionamento da conexão da Fiol com a Norte-Sul no Tocantins aconteceu por motivos ambientais, com um traçado que fugiria de regiões de caverna que teriam licenciamento mais difícil e tornaria o projeto muito mais caro. 

O secretário nacional de Ferrovias do Ministério dos Transportes, Leonardo Ribeiro, disse também no evento que os estudos para essa concessão Fico-Fiol seguem e que a ideia é dar ao concessionário a possibilidade de escolher a conexão por Goiás ou Tocantins. (O repórter viajou a convite da Rumo.)

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