Falta de infraestrutura inibe crescimento do uso do gás para bombeamento de água

Elisa Costa, da Agência iNFRA

A falta de redes para distribuir gás pelo país poderá afetar também o desenvolvimento do setor de saneamento básico. Projeto desenvolvido para reduzir custos de implantação e operação de elevatórias de água e esgoto usando o gás está limitado a poucas regiões por causa da baixa penetração dos gasodutos no país.  

Em entrevista à Agência iNFRA, Caio Mutz, sócio-diretor da Fluxus, empresa que criou e implementou motores a gás para elevatórias para as redes de água e esgoto, explica que, tradicionalmente, esses sistemas funcionam à base de energia elétrica.

Isso tem colaborado para um grande número de interrupções nos serviços devido aos problemas de fornecimento de energia em várias regiões do país. A empresa estima uma regularidade 88% superior à do uso da energia elétrica.

“Se não tem energia, não tem água. Mas, quando acaba a energia, a bomba de gás continua funcionando. Isso é muito bom em locais onde tem apagão”, destacou o diretor. “Temos seis elevatórias em funcionamento, que são híbridas. Substituímos alguns conjuntos e as empresas hoje têm a possibilidade de gerenciamento do processo entre energia e gás”, explicou. 

De acordo com Mutz, o Sistema Fluxus tem menor custo operacional e usa menos espaço para sua estruturação e execução em comparação com os equipamentos que utilizam energia elétrica.  

Prêmio de inovação
A empresa estima 60% de redução do custo na construção de novas elevatórias, em comparação com os sistemas convencionais, já que não utiliza cabines primárias, transformadores, painéis, inversores e cabeamentos. O projeto começou a ser implantado em 2021, depois de ganhar o Desafio de Inovação no Saneamento, da Abes (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental).

Entretanto, pela falta de estrutura adequada de rede de distribuição de gás em algumas regiões, Mutz diz que seguirá atuando, num primeiro momento, apenas onde já existe gás disponível, como na região litorânea e em algumas capitais.

O novo marco legal do saneamento prevê que o país tenha que alcançar 99% de população atendida para redes de água e 90% para esgoto até 2033. As estimativas de valores para os investimentos necessários ficam entre R$ 50 bilhões e R$ 70 bilhões ao ano.

A construção de elevatórias é parte essencial para que esse índices possam ser alcançados. Mas a estimativa da Fluxus é realizar em 2024 investimentos na casa dos R$ 200 milhões para seus sistemas.

Ampliar mercado
Para tentar ampliar o mercado, a empresa procura grupos que produzem biogás, já que o Brasil tem significativo montante de resíduos e uma extensa agroindústria capaz de produzir por biomassa.

“O interior não tem suficiência de energia para esses equipamentos. Então, vamos usar internamente o gás com esses produtores”, comentou Mutz.

Para o diretor, o novo Marco Legal do Saneamento é a política pública mais importante do Brasil, mas devido à necessidade de grandes investimentos em curto prazo, o mercado pode demorar a “pegar o embalo”.

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