11/11/2025 | 12h00  •  Atualização: 12/11/2025 | 16h32

Hidrovias: MRS aposta em obras e estudos para atrair confiança de clientes

Arte: MRS Logística

Amanda Pupo e Dimmi Amora, da Agência iNFRA

A MRS Logística avalia que as obras no pedral de Nova Avanhandava e conhecimentos avançados sobre a hidrovia Tietê-Paraná deverão preparar bem a companhia para operar o transporte de cargas no rio, que já teve a navegação suspensa em várias ocasiões no passado pelos impactos da seca. A frente de operação hidroviária da empresa, divisão anunciada na semana passada, está programada para estrear em 2027. Até lá, a previsão do governo de São Paulo é de que o derrocamento do pedral em Nova Avanhandava já esteja concluído. 

O presidente da MRS Logística, Guilherme Segalla de Mello, reconhece que, praticamente uma década depois de a hidrovia ter passado quase dois anos com a navegação interrompida pela seca (entre 2014 e 2016), há clientes que ainda tem “desconfiança severa” sobre o modal na região. Em entrevista à Agência iNFRA, ele explica que a MRS tem feito um trabalho com essas empresas, lembrando que a solução vendida é multimodal. 

“E obviamente temos todos os estudos climáticos, porque ali há a geração de energia, que tem que ser respeitada, tem barragens importantes para PCHs [Pequenas Centrais Hidrelétricas]. Eu entendo que hoje falte talvez uma regulação mais ampla, mas vários governos estaduais estão olhando para essas hidrovias, o potencial, de forma a colocar um regramento melhor de operação. Estaremos tentando contribuir da melhor forma possível com o que formos aprendendo”, afirmou Mello. 

Como mostrou a Agência iNFRA, a futura operação hidroviária da MRS conta com dois terminais – um em São Simão (GO) e outro em Pederneiras (SP) – formando um corredor em que a carga atravessa a hidrovia, encontra a malha ferroviária da Rumo, que desce em direção ao litoral paulista e se liga, em Jundiaí (SP), à ferrovia da MRS, indo até o Porto de Santos (SP).

Embora não tenham sido determinantes para a decisão da MRS de abrir a frente de hidrovia, as obras em Nova Avanhandava ajudaram a cúpula da empresa a “reforçar” a aprovação da nova atividade com o conselho.

“Consideramos que vamos ter o calado mínimo, espaço para conviver, mas obviamente estamos sujeitos a condições climáticas cada vez mais extremas”, pontuou o presidente da MRS, destacando a importância das discussões climáticas e ambientais levantadas pela COP30, que está sendo realizada em Belém (PA) nesta segunda quinzena de novembro.

O empreendimento no canal em Avanhandava é considerado crucial para assegurar a navegabilidade na hidrovia porque historicamente o modal acabou preterido frente a outras demandas quando há escassez hídrica, especialmente em relação à geração de energia elétrica e abastecimento humano.

Com o derrocamento do pedral, que embora há muitos anos prometido só começou em 2023, a expectativa é de que a região não seja mais um impeditivo à navegação quando o nível do rio precisar ser manipulado – embora ainda exista o temor de que, numa situação extrema, outras atividades sejam mais uma vez favorecidas em detrimento da navegação.

Para a MRS Logística, uma eventual concessão da hidrovia vai aumentar a eficiência, a segurança e melhorar o regramento de utilização do rio. “E vai melhorar o serviço prestado a todo mundo. Se for um rio também sem regra, quem for mais eficiente vai ter uma preponderância, mas não é a solução ideal”, avaliou Mello. A Agência iNFRA mostrou em setembro que, com a aceleração das obras em Nova Avanhandava, o governo de São Paulo já começa a avaliar uma possível concessão para a hidrovia do Tietê-Paraná. 

O presidente da companhia contou ainda que o conhecimento em ferrovias ajudou a MRS a desenvolver e decidir os melhores tipos de barcaça, tamanho dos empurradores e outros detalhes da atividade futura, além do trabalho em colher experiências de “operações gigantes” que já acontecem no Amazonas, em Belém (PA) e Vila do Conde (PA).

Capacidade em Santos
O foco inicial das operações será no transporte de grãos. A capacidade anual será de movimentação de 2,3 milhões de toneladas, com potencial de expansão para 4 milhões de toneladas por ano. Mello não vê na capacidade do Porto de Santos um impeditivo para ampliar as movimentações. Segundo ele, a companhia está “segura” com esse escoamento. 

“Tem uma série de obras em Santos acontecendo (…) E os volumes todos são combinados, um plano plurianual, não tem overbooking. Há sempre uma discussão, inclusive com regras e penalidade de quem não cumpre, e isso tem funcionado muito bem”, disse o presidente da MRS. 

Segundo ele, soja, farelo de soja e milho são as cargas que a companhia vai perseguir para sua nova atividade. “São os itens que vamos agora, através do espaço que adquirimos em São Simão, permitir esse tipo de viagem para que façam aí 500 quilômetros, 600 quilômetros na barcaça, conecte com a gente e depois siga de ferrovia até o Porto de Santos”, afirmou. 

A MRS tem como principais acionistas a Vale, a CSN e a Gerdau. A principal operação da concessionária, que teve seu contrato renovado no governo passado, é o transporte de minério entre as regiões de Minas Gerais e os portos do Rio de Janeiro e de São Paulo. No entanto, na renovação da concessão, a empresa indicou a necessidade de mais investimentos para ampliar o transporte de outros tipos de carga, especialmente a chamada carga geral.

“O conselho passou a nos cobrar também por uma diversificação de modalidade. Dado que o relógio suíço do minério, cobre e carvão tem que funcionar, que outro tipo de valor ou que outra solução ambientalmente adequada poderia ser feita na MRS? E aí a gente começou a estudar profundamente os nossos ativos”, explicou Mello sobre a origem dos estudos que culminaram na criação da nova frente hidroviária. 

Tags:

Solicite sua demonstração do produto Boletins e Alertas

Solicite sua demonstração do produto Fornecimento de Conteúdo

Solicite sua demonstração do produto Publicidade e Branded Content

Solicite sua demonstração do produto Realização e Cobertura de Eventos

Inscreva-se no Boletim Semanal Gratuito

e receba as informações mais importantes sobre infraestrutura no Brasil

Cancele a qualquer momento!