Gustavo Ayala*
O aumento do risco de apagão energético foi causado por uma falta de oferta de geração ou pelo excesso de demanda? O consumo tem crescido abaixo do esperado, seja pelo baixo desempenho da economia nos últimos 10 anos ou pela redução drástica causada pela pandemia de Covid-19. Então, a resposta é a falta de oferta de energia. Os recentes investimentos em geração via fontes renováveis como eólicas e solares não são suficientes para o tamanho do Brasil.
Mas se a questão parece estar no investimento em geração, qual a saída? O indutor mais apropriado à expansão da geração é o mercado livre, muito mais sustentável no longo prazo e com força para enfrentar o boom do consumo pós-pandemia. No mercado livre, os compradores e vendedores conseguem expressar livremente suas necessidades e visões. Isso não é possível no ambiente regulado, onde a contratação é centralizada.
Um exemplo de sustentabilidade do mercado livre de energia ocorreu em abril de 2020, quando houve uma drástica redução no consumo. O mercado se mostrou maduro, e as comercializadoras e geradores salvaram grande parte da indústria.
Na maioria dos países, o preço de energia elétrica possui um teto. A partir de um certo valor, o preço não estimula mais a entrada de novos geradores no mercado, por restrições físicas ou de tempo para a instalação de novos equipamentos.
No Texas, Estados Unidos, o teto é de 9000 dólares o megawatt hora. Nos outros estados americanos, o teto varia entre 1000 e 2000 dólares o megawatt hora. Já no Brasil, o teto é de 118 dólares o megawatt hora (R$ 583 o megawatt hora). O teto baixo desestimula o investimento no lado da oferta da geração e incentiva o consumo.
O dólar impacta no custo de construção de novas usinas, uma vez que os equipamentos, em sua maior parte, são importados, e no custo de combustível das termelétricas.
Hoje, com o teto do preço tão baixo, não há um incentivo correto tanto na oferta quanto na demanda de energia. Um teto adequado permite que o próprio consumidor reduza seu consumo de energia, como ocorreu em 2014, restabelecendo o equilíbrio da oferta e demanda.