Ministro diz que “quase 30 aviões” estão parados no país porque aéreas não têm dinheiro para requalificação

Dimmi Amora, da Agência iNFRA

A falta de crédito das principais empresas aéreas do país está fazendo com que aeronaves que estão registradas no Brasil não possam voar por não estarem com suas manutenções adequadas. 

A informação foi dada pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, em encontro com a participação do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e parlamentares, no qual ele defendeu que o governo socorra financeiramente as companhias diante de uma situação que ele chamou de preocupante.

Silvio Costa Filho afirmou que as maiores companhias têm hoje uma dívida de R$ 45 bilhões e que parte delas, sem citar quais, não têm capital de giro sequer para pagar “a requalificação dos motores” das aeronaves que foram para manutenção. Segundo ele, isso é causado pelo endividamento.

“Hoje a gente está com quase 30 aviões em solo no Brasil porque as empresas não têm capital de giro para poder financiar a compra de motores ou a requalificação dessas aeronaves”, disse o ministro. 

Segundo uma fonte do governo, os aviões nesse estado não podem voar porque não cumprem os requisitos previstos nos regulamentos nem podem ser devolvidos para as fabricantes de aeronaves, que exigem que eles estejam em condições de voar. Por isso, eles ficam “no chão”. 

Segundo a fonte, há aviões da Azul e da Gol nessa situação. A quantidade, algo na casa dos 5% das aeronaves, é considerada significativa para a situação atual de concentração de mercado. Atualmente, no Brasil, há 513 aeronaves na aviação regular – sob o RBAC 121.

O mundo hoje tem falta de aviões, o que tem feito com que as companhias aéreas não consigam ampliar a quantidade de assentos disponíveis. Com a retomada da demanda após a Covid-19, os efeitos estão sendo sentidos no aumento dos preços das passagens. Procurada, a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) disse que não iria se pronunciar. 

Governo anterior “fez zero”
Silvio Costa voltou a defender no evento que o governo execute um plano de socorro financeiro a essas empresas, citando o que foi feito por governos dos outros países após a pandemia, e disse que o governo anterior “fez zero”.

“Infelizmente, o Brasil tem hoje uma grande dificuldade com a aviação, tendo em vista que 98% da aviação brasileira está nas mãos de três principais companhias. O governo passado praticamente não fez nenhum gesto para as companhias brasileiras, enquanto os Estados Unidos aportou US$ 50 bilhões de dólares”, disse Silvio. “É hora de a gente ajudar as áreas, porque estamos tratando de utilidade pública.”

Humor do Congresso não é fácil
O discurso aconteceu no lançamento do IBI (Instituto Brasileiro da Infraestrutura), ligado à Frente Parlamentar de Portos e Aeroportos, cujo presidente é o deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP). Silvio pediu apoio ao Congresso Nacional para ações que possam reduzir a judicialização do setor aéreo, que consome R$ 1 bilhão ao ano das empresas em custos judiciais.

“Dos 100% da judicialização no mundo, 78% é no Brasil”, explicou o ministro, admitindo que “o humor do Congresso com as aéreas não é fácil”. 

Ele também informou que o governo segue buscando uma maior redução no valor do querosene da aviação, o que também está sendo discutido dentro do governo. Conforme mostrou a Agência iNFRA na semana passada, a Petrobras segue resistindo em fazer grandes mudanças na forma como precifica o produto.

Aerotrópolis
O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, não falou do tema em seu discurso, mas falou da importância do setor aéreo para o crescimento das cidades, lembrando que as regiões onde há mais aeroportos, que ele chamou de aerotrópolis, crescem. 

“Em Guarulhos, só o site aeroportuário tem 50 mil trabalhadores. As aerovias têm um papel impressionante”, afirmou Alckmin.

Navegue Simples
O ministro também informou que nas próximas semanas será anunciado o programa Navegue Simples, que pretende reduzir a burocracia para a realização de investimentos nos setores de portos e de navegação.

Silvio Costa Filho citou que uma das ideias é reduzir o tempo de liberação para permitir investimentos de TUPs (Terminais de Uso Privado) de uma média de quatro anos para entre seis e oito meses.

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