Gabriel Vasconcelos, da Agência iNFRA
O presidente do grupo Engie no Brasil, Eduardo Sattamini, disse hoje (20), que as minutas da Medida Provisória do Setor Elétrico em circulação endereçam pontos importantes, mas têm “componentes perigosos”. Ele faz referência à insegurança relacionada ao fim do desconto na tarifa firme para a energia de grandes usinas eólicas e solares sem contratos e ao silêncio sobre as distorções causadas pela geração solar distribuída.
Sattamini lembrou que Engie é historicamente contra subsídios em geral, mas para projetos novos e não para estruturas existentes descontratadas, que foram formatadas economicamente à luz desses subsídios. “Todos somos críticos a incentivos, mas para os novos parques”, disse, em café com jornalistas no Rio de Janeiro.
“Existe uma ameaça de acabar com o subsídio ao consumidor que compra energia desses parques já construídos, o que não estava previsto. Querem tirar o subsídio de quem não tem contratos fechados, após previsão de mantê-los até 2050. Não ter mais a garantia do desconto do fio para novos contratos desequilibra a equação desses parques”, diz Sattamini. Ele argumenta que usinas voltadas ao mercado livre não têm mais contratos de 25 ou 30 anos, horizonte que foi reduzido a dez, cinco ou até três anos, o que fatalmente vai deixá-las descontratadas em algum momento da curva de depreciação.
Sobre a geração solar distribuída, Sattamini diz que a solução deveria ser um freio à sua expansão com o fim de subsídios. E diz que, na impossibilidade de desligar essa fonte como é feito para os grandes geradores, ela poderia ter sustada sua vantagem financeira, o que define como espécie de “curtailment econômico”.