Dimmi Amora, da Agência iNFRA
Um total de 488 empreendimentos do setor de transportes no estado de Minas Gerais foram categorizados por melhor retorno social para receber, nos próximos 30 anos, investimentos e gastos que podem chegar a R$ 513 bilhões. As informações constam do PeltMG (Plano Estadual de Logística e Transportes de Minas Gerais), que teve sua primeira etapa lançada oficialmente na quinta-feira (12) pelo governo local.
Os dados, que estão em plataforma disponível neste link, vão enfocar investimentos de curto prazo que poderão ser executados ou licitados na atual gestão, até 2026. Eles somam cerca de R$ 124 bilhões, o que inclui as obras públicas e as realizadas em parcerias nos setores de rodovias, ferrovias, aeroportos, hidrovias e dutovias.
O planejamento utilizou de forma inédita o chamado modelo de cinco dimensões para fazer a priorização de mais de 1,5 mil projetos avaliados. Isso significa que os projetos escolhidos foram hierarquizados conforme o maior retorno social que apresentam.
“O Pelt marca a retomada do planejamento de longo prazo, que é fundamental para a infraestrutura. Minas sai na frente, como pioneiro de entregar seu plano de logística e transporte com esse olhar de longo prazo”, explicou o secretário de estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias de Minas Gerais, Pedro Bruno Barros.
De acordo com o plano, o estado foi dividido em 73 corredores logísticos, abrangendo 93% dos municípios. O setor rodoviário concentra a maior parte dos empreendimentos, com 444 elencados no programa e estimativa de R$ 110 bilhões em investimentos (capex) até 2055.
Corredor Centro-Leste da FCA
As ferrovias, no entanto, são as que vão demandar o maior volume de recursos ao longo das próximas décadas, com estimativa de R$ 128 bilhões no período. O corredor Centro-Leste da FCA (Ferrovia Centro Atlântica) é o empreendimento com maior volume de capex estimado no plano: R$ 40 bilhões.
Já a ampliação de um trecho ferroviário entre Santa Luzia e Sabará é o projeto que tem o maior retorno econômico na carteira, com 41,48% de TIR (Taxa Interna de Retorno) estimada.
Há ainda 13 cidades que foram indicadas para receber investimentos aeroportuários que somam R$ 17 bilhões, sendo os maiores previstos para Montes Claros, Uberaba e Uberlândia, de acordo com os dados que serão apresentados hoje.
O plano tem várias etapas e uma delas será a definição dos projetos que podem ter viabilidade como concessões ou parcerias. O indicativo é que a maior parte dos recursos, tanto em rodovias como em ferrovias, terão de vir do setor privado –mais de 80% em média.
Integração
O PeltMG foi desenvolvido pela Codemge (Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais) seguindo diretrizes estabelecidas pela secretaria estadual em política pública. A estatal mineira contratou a estatal federal Infra S.A, ligada ao Ministério dos Transportes, para desenvolver o plano.
Essa integração é considerada fundamental para que o projeto estadual converse com o projeto de planejamento federal (Plano Nacional de Logística), que está sendo desenvolvido pela Infra S.A e, no momento, passa por consulta pública. A avaliação é do diretor de Concessões e Parcerias da Codemge, Gabriel Fajardo.
Segundo ele, essa integração com a malha federal, na qual estão previstos investimentos relevantes, e o uso do modelo de cinco dimensões para avaliar toda a carteira, e não apenas um projeto, como era o mais comum, vai dar a capacidade ao gestor público de “saber em cada real que tivermos onde é mais importante colocar o recurso”.
“Conseguimos estabelecer o que é prioridade tecnicamente e defender o investimento que será realizado”, explicou o diretor.