Marisa Wanzeller e Geraldo Campos Jr., da Agência iNFRA
Projeções feitas pela CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) indicam que a bandeira tarifária vermelha deve ser acionada a partir de junho. Essa possibilidade é apontada em todos os cinco cenários avaliados, do mais otimista ao mais pessimista. Já para maio, quatro deles indicam bandeira amarela.
As estimativas apontam ainda que, a partir de julho, a bandeira vermelha pode subir para o nível 2, e deve se prolongar elevada durante todo o período seco de 2025, até setembro ou outubro, a depender do cenário analisado. Isso indica um custo adicional à conta de energia elétrica a cada 100 kW/h (quilowatt-hora) consumido, sendo de R$ 1,88 para a bandeira amarela, R$ 4,46 para a vermelha 1 e R$ 7,87 para a vermelha 2.
As projeções constam da edição do boletim Informa CCEE divulgado na última quinta-feira (3) e refletem a baixa afluência nos rios que abastecem as hidrelétricas do país mesmo após o final do período úmido, o que pode indicar para um período seco mais desafiador para o sistema.
As projeções da CCEE são feitas com base em informações do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). A definição das bandeiras tarifárias a cada mês cabe à ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), no entanto, a reguladora utiliza como base para a definição dados encaminhados tanto pela CCEE como pelo ONS.
PLD
Um dos indicadores usados para o cálculo das bandeiras tarifárias é o PLD (Preço de Liquidação das Diferenças), referência de preço para a comercialização de energia no mercado livre. A CCEE também traçou projeções para o indicador. Em quatro dos cinco cenários, é projetado um aumento do PLD a partir de junho.
O PLD já tem subido nos últimos meses. Entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, o preço ficou na média em R$ 60, segundo a CCEE. Os valores vêm subindo desde fevereiro, que, apesar de ser um mês úmido, teve chuvas abaixo da média. Na última sexta-feira (4), o preço médio era de R$ 278 no subsistema Sudeste/Centro-Oeste.
Na maioria das suas projeções, a CCEE estima que o PLD entre julho e outubro fique acima dos R$ 300, superando os R$ 400 em um cenário mais pessimista.
Operação do sistema
Tanto a alta do PLD como a possível volta da bandeira vermelha devem-se à situação de operação projetada para o SIN (Sistema Interligado Nacional) no período mais seco. A CCEE destaca por exemplo que a afluência média no sistema deve cair dos atuais 80% para 66% da média histórica até o final de abril, conforme a estimativa do ONS.
Um cenário de maior aversão ao risco tanto na operação no sistema quanto no cálculo do PLD também influencia na alta dos preços, segundo analisaram agentes do mercado.
Histórico
A bandeira tarifária esteve no patamar verde, sem custo adicional à conta, por mais de dois anos, entre abril de 2022 e junho de 2024. A ANEEL acionou a bandeira amarela para o mês de julho de 2024 devido ao aumento do GSF (risco hidrológico) e do PLD.
Ela retornou ao verde em agosto, mas alternou entre vermelha patamar 1, patamar 2 e amarela nos meses seguintes até dezembro do último ano. Em 2025, a agência ainda não precisou acionar custo adicional à conta de energia.