Dimmi Amora, da Agência iNFRA
O grupo técnico que vai cuidar da transição de governo no setor de infraestrutura foi anunciado na última segunda-feira (14) pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, com nomes de três partidos: PT, PSB e PSD.
O senador Alexandre Silveira (PSD-MG) está entre os incluídos. Ele tem sido um nome especulado entre operadores do setor como futuro ministro da pasta, apesar de não haver ainda definição por parte do presidente eleito, Lula (PT), sobre nomes para as pastas, segundo seus interlocutores mais próximos. O próprio presidente disse que não escolherá necessariamente os ministros entre os indicados para os comitês.
Silveira, derrotado na tentativa de se reeleger senador em Minas Gerais, dirigiu o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) em Minas Gerais no governo do ex-presidente Lula. O nome dele ajudaria a trazer o partido para o campo governista no Congresso.
No entanto, o PSD está na aliança que elegeu o ex-ministro da pasta Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador eleito de São Paulo, o que tende a criar um conflito para essa escolha. O secretário de Infraestrutura da Bahia, Marcus Cavalcanti, cujo padrinho é o senador eleito Otto Alencar (PSD-BA), reforça o time do partido neste comitê.
Nomes do PT
A ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior e o ex-ministro-chefe da Secretaria Nacional dos Portos Maurício Muniz, que coordenaram o Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas da Fundação Perseu Abramo, do PT, também estão no comitê de infraestrutura da transição.
Nomes que estiveram na origem da criação do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do qual a retomada é a principal meta do futuro governo, estiveram à frente do principal documento produzido pelo partido com propostas para o setor, disponível neste link. O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) é o outro indicado do partido do presidente eleito para o grupo.
Nomes do PSB
Do PSB, que tem o vice-presidente na chapa, foi chamada a secretária estadual de Infraestrutura e Recursos Hídricos de Pernambuco, Fernandha Batista, que chegou ser cogitada como possível candidada ao governo de Pernambuco nas eleições de 2022.
O economista Gabriel Galípolo, que circulou como um possível nome para integrar a equipe de transição de governo no setor de Economia, acabou sendo alocado pelo vice-presidente no grupo de infraestrutura. Ele já trabalhou nos governos do PSDB em São Paulo, depois dirigiu um banco privado e tem estado entre os novos economista que vieram com a chegada de Alckmin na aliança para criar o programa de governo para essa eleição.
Completa o grupo o advogado Vinícius Marques Carvalho, ex-presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o que indica a preocupação com questões concorrenciais no setor, a especialidade dele.
Outros grupos
Na mesma segunda-feira (14), foi anunciado o grupo técnico que vai cuidar da transição na área de Cidades. Foram chamados a arquiteta Erminia Maricato; a urbanista Evanise Lopes Rodrigues; a ex-presidente da Caixa Maria Fernanda Ramos Coelho; a ex-ministra Inês Magalhães; o ex-secretário Habitação do DF Geraldo Magela (PT).
O deputado federal eleito, Guilherme Boulos (Psol-SP); o prefeito de Diadema (SP), José de Filipe (PT); o ex-governador de SP, Márcio França; o ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT); o prefeito de Recife (PE), João Campos (PSB); e o urbanista Nabil Bonduki, que coordenava o núcleo do setor na Fundação Perseu Abramo, do PT, também estão no grupo. Não houve divulgação de nomes para o Desenvolvimento Regional.
No caso da área de cidades, a conformação da transição, que dividiu o que é atribuição do atual ministério do Desenvolvimento Regional em duas áreas, Cidades e Desenvolvimento Regional, já dá um forte indicativo de que a pasta deverá ser novamente dividida, como era até o governo Michel Temer.
Diferentemente do que foi feito com a Infraestrutura, mantida como tema único na transição, apesar de haver pressões vindas de políticos e de algumas empresas do mercado para que ela seja dividida, pelo menos com a separação da área de portos. Até o governo Dilma, o ministério era dividido em três pastas, Transportes, Aviação e Portos, unificadas no governo Temer.