da Agência iNFRA
A vice-presidência de Regulação e Sustentabilidade da Rumo Logística, operadora de algumas das principais ferrovias do país, será ocupada pela economista Natália Marcassa, que anunciou na última sexta-feira (29) sua saída da presidência do MoveInfra, associação criada por empresas do setor de infraestrutura de transportes listadas na B3.
Ex-diretora da ANTT e ex-secretária de Parcerias do Ministério da Infraestrutura, Marcassa foi escolhida para substituir Guilherme Penin, que a partir deste mês começará como vice-presidente da Cosan, o grupo que controla a Rumo e outras empresas como Raízen, Comgás e Moove. A expectativa é que ela comece em janeiro. Não há escolhido para a direção do MoveInfra.
Em entrevista à Agência iNFRA, Penin fez um balanço sobre o período de oito anos que passou à frente da Rumo na consolidação do projeto que começou quando o grupo Cosan adquiriu o controle do que era a ALL, que tinha os acionistas da 3G Capital a frente do negócio.
Segundo ele, viabilizar os ativos que vieram do antigo controlador e formar um novo portfólio para a empresa é uma etapa consolidada, após os projetos concretizados de renovação antecipada da Malha Paulista, da aquisição em leilão da Ferrovia Norte-Sul, da extensão em modelo de autorização da Malha Norte em Mato Grosso e da modelagem da FIPS (Ferrovia Interna do Porto de Santos) em modelo de consórcio.
“São todos projetos em que a Rumo foi pioneira. Fizemos a primeira renovação, o primeiro leilão em muitos anos, a primeira autorização e o primeiro consórcio”, destacou Penin, lembrando que os projetos geram um portfólio de investimentos de mais de R$ 40 bilhões, considerando infraestrutura e equipamentos.
Na Cosan, Penin afirmou que o trabalho também seguirá na busca de organização do portfólio das empresas do grupo. Ele acredita que a nova etapa na empresa de ferrovia do grupo será na busca de um novo ciclo de geração de valor em outros ativos, citando as malhas Oeste e Sul que estão em processo de revisão, além de novos modelos de investimento e gestão no setor, como as autorizações ferroviárias e o modelo de autorregulação previsto na nova Lei de Ferrovias.
“Fechamos um grande primeiro ciclo com um sólido portfólio construído e entramos numa segunda etapa, em busca de geração de valor”, disse o vice-presidente.
Juros altos “machucam”
Economista oriundo do BNDES e com passagem pela Casa Civil da presidência da República, Penin vê uma mudança no setor de infraestrutura do país. Para ele, o país evoluiu em termos de governança e institucionalmente na gestão pública em relação aos projetos do setor, o que traz mais segurança das empresas investirem.
Por outro lado, riscos geopolíticos e climáticos trazem maior incerteza para os projetos, o que não se via até alguns anos atrás. O lado macroeconômico, especialmente os juros elevados, são para ele também outro grande desafio momentâneo.
“Para quem faz grandes investimentos e precisa de alavancagem, esses juros machucam”, disse o vice-presidente da empresa.
MoveInfra consolidado
Marcassa destacou que foi possível colocar de pé o MoveInfra nos dois anos e três meses a frente da instituição, tornando-a uma associação “multissetorial e engajada em pautas de longo prazo da infraestrutura” para trazer “credibilidade para a agenda e uma visão de melhoria do ambiente de negócios”.
“Havia uma vacância nesse ponto, uma visão de como desenvolver a infraestrutura do Brasil de maneira sustentável”, disse a CEO da associação.
Segundo ela, na Rumo, o desafio será suceder “quem entregou um ciclo de desenvolvimento bastante importante”, mas mas que ainda é necessário completar o ciclo com a conclusão dos investimentos da Malha Paulista, da Fips e da extensão da Malha Norte, com “previsão de entrega em sete ano e a maior obra ferroviária do país”.
“Temos que organizar agora os contratos das malhas Oeste e Sul, com um olhar crescente para a logística do agro. Para nós, todos os projetos que tragam esse olhar nos interessa”, disse Marcassa.