Felipe Moura, para a Agência iNFRA
O Brasil deve priorizar investimentos em capacidade de armazenagem e nos modais ferroviário e hidroviário para diminuir os gargalos logísticos que atrapalham a competitividade internacional do país. Essas medidas foram indicadas por representantes dos setores público e privado que participaram, na última quinta-feira (8), do seminário “Agenda 2030: desafios da logística brasileira para a competitividade internacional”, que ocorreu na sede da CNI (Confederação Nacional da Indústria), em Brasília.
Presidente da Infra S.A., Jorge Luiz Bastos destacou que o governo espera receber cerca de R$ 20 bilhões com as repactuações de contratos de concessões ferroviárias renovadas. Segundo ele, a meta é usar esses recursos, no âmbito do Plano Nacional de Ferrovias, para melhorar a infraestrutura ferroviária do país. “A Infra está revendo toda a malha ferroviária brasileira para ver o que fazer com esse investimento que vem dessas renovações.” ele também reforçou que o governo quer fazer de dois a três leilões ferroviários em 2025.
Luis Baldez, presidente-executivo da Anut (Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga), lembrou que cerca de 70% da produção nacional é transportada por rodovias, concentração que ele considera prejudicial. “Recentemente, a CNI apresentou um relatório que mostra que 8% das empresas utilizam o modal ferroviário. Porém, mais de 30% gostariam de usar esse modal, mas não tem estrutura”, pontuou.
O secretário-adjunto de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do governo federal, Felipe Augusto Machado, ressaltou que o investimento em ferrovias gera aumento de produtividade e de indicadores sociais nos municípios por elas cortados. Esses impactos positivos, segundo ele, orientam a terceira fase do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Acompanhar crescimento
Além de aumentar o investimento em ferrovias, o país precisa elevar sua capacidade de armazenagem, que não conseguiu acompanhar o ritmo de crescimento da produção agropecuária, principalmente, destacou André Nassar, presidente-executivo da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais). Segundo ele, a capacidade de armazenagem de grãos cresceu 27% nos últimos 10 anos, com 45 milhões de toneladas a mais, e a produção cresceu mais de 100 milhões de toneladas.
O desenvolvimento das hidrovias também foi destacado pelo secretário nacional de Hidrovias e Navegação do Ministério de Portos e Aeroportos, Dino Antunes, e pelo diretor-geral da ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), Eduardo Nery. Dino falou sobre o programa de investimentos do governo para o setor, que será feito em parcerias com a iniciativa privada, e destacou que a hidrovia do rio Paraguai é nova fronteira do desenvolvimento do setor, com crescimento de quatro vezes o volume transportado nos últimos anos.
O diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Rafael Lucchesi, afirmou que a modernização regulatória é importante para dar a segurança jurídica necessária para a atração de investimentos em logística. “A melhoria do ambiente institucional e o aprimoramento dos marcos regulatórios devem afastar as incertezas e permitir o ingresso permanente de recursos privados em infraestrutura. Isso é essencial para estimular a competitividade das empresas e o crescimento econômico.”