Jair Bolsonaro tomou posse como o 38º presidente da República nesta terça-feira (1º), afirmando que o povo começou a se libertar do socialismo e do gigantismo estatal.
O presidente discursou duas vezes: uma no Congresso, ao assinar a posse, e uma segunda vez no parlatório do Palácio do Planalto, para o público que o saudava. Em ambos, falou pouco e manteve uma fala ainda muito próxima da de candidato que a de presidente empossado.
O presidente chegou ao parlamento por volta das 14h40 em carro aberto, em que estavam com a primeira dama, Michele Bolsonaro, e seu segundo filho mais velho, Carlos Bolsonaro, que é vereador no Rio de Janeiro.
Nos dois pronunciamentos, Bolsonaro se comprometeu com um modelo de economia liberal, e com reformar estruturais necessárias para as contas públicas:
“Vamos propor e implementar as reformas necessárias. Vamos ampliar infraestruturas, desburocratizar, simplificar, tirar a desconfiança e o peso do governo sobre quem trabalha e quem produz”, afirmou no Congresso.
Depois, para o público, disse: “Me coloco diante de toda a nação, neste dia, como o dia em que o povo começou a se libertar do socialismo, da inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto”.
Austeridade fiscal
Bolsonaro se comprometeu com a austeridade fiscal e afirmou que o governo não gastará mais do que arrecada. “Daremos garantia de que as regras, os contratos e as propriedades serão respeitadas”, disse.
“Realizaremos reformas estruturantes, que serão essenciais para a saúde financeira e sustentabilidade das contas públicas, transformando o cenário econômico e abrindo novas oportunidades. Precisamos criar um círculo virtuoso para a economia que traga a confiança necessária para permitir abrir nossos mercados para o comércio internacional, estimulando a competição, a produtividade e a eficácia, sem o viés ideológico”.
Apesar de citar que irá promover as reformas estruturantes, o presidente não citou quais seriam, e não falou nominalmente sobre a Reforma da Previdência.
Segundo o presidente, esses desafios só serão resolvidos “mediante um verdadeiro pacto nacional entre a sociedade e os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, na busca de novos caminhos para um novo Brasil”.
Falou por 10 minutos no Congresso
Em seu pronunciamento mais institucional, no Congresso, Bolsonaro falou por apenas 10 minutos. Manteve no discurso a mesma linha que vem adotando desde o início de sua campanha, falando em desburocratização, abertura econômica e o fim do que ele chama de ideologia na condução do país, garantindo a proteção da Democracia.
Mas tentou abrir uma porta com os parlamentares, dizendo que pretende “governar com vocês”, referindo-se aos parlamentares presentes, convocando os congressistas a mudar o país retirando-o do julgo da “corrupção, da irresponsabilidade econômica, do crime e da submissão ideológica”.
Mas, em seguida, voltou a cutucar o Congresso dizendo que montou seu governo sem o “viés político” que “fez mal ao país”, mas dizendo que a medida seria para resgatar a credibilidade do próprio parlamento.
O presidente também indicou uma descentralização do poder ao longo de seu mandato. “Pretendo partilhar o poder de forma progressiva, responsável e consciente. De Brasília para o Brasil”, disse Bolsonaro.
Eunício
O discurso de Bolsonaro foi seguido do feito pelo presidente do Congresso, senador Eunício Oliveira (MDB-CE). Em sua fala, o presidente do Senado deu vários recados ao presidente eleito, lembrando que as mudanças mais importantes têm que ser feitas em parceria com o Congresso, pedindo “paciência e perseverança” ao eleito.
“Mesmo os melhores ideais e as melhores ideias podem ser aperfeiçoadas. Saber divergir com argumentos sólidos enriquece a política e a vida”, disse o presidente do Congresso que defendeu os parlamentares dizendo que não houve pautas bombas votadas e nem herança maldita pelos parlamentares.
Ao fim, Eunício também falou sobre que o governo deve sair do discurso para a prática e que ele seja um exemplo de conduta, citando Confúcio: “O discurso empolga. Mas o exemplo arrasta”.
Medida Provisória
O governo de Jair Bolsonaro irá editar em breve uma MP (medida provisória) e diversos decretos para com a nova estrutura administrativa, e a redistribuição ministérios, que passará a ter 22 pastas e não 29 como anteriormente, informou nesta terça-feira (1º) o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
A medida provisória é necessária para a fusão das pastas e a criação das secretarias especiais que herdarão várias funções dos ministérios incorporados. Há quem diga que, sem a MP, alguns ministros e secretários nem podem tomar posse.