Leila Coimbra, da Agência iNFRA
A Abrage (Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica) passa por uma reformulação de sua estratégia e governança e deve eleger como presidente Marisete Dadald Pereira, ex-secretária executiva do Ministério de Minas e Energia nos três anos e meio em que Bento Albuquerque comandou a pasta (governo Jair Bolsonaro).
A eleição ocorre nesta segunda-feira (6) em assembleia extraordinária dos associados: Eletrobras, AES, Auren, Cemig, Copel, Engie, CTG, Emae, Itaipu, Light, Norte Energia e Santo Antônio Energia, dentre outros. São principalmente grandes geradores hidrelétricos.
Quando foi criada, em 1998 (completa 25 anos no dia 7 de dezembro), a Abrage tinha como sócias somente geradoras estatais. Ao longo dos anos, as empresas foram aos poucos privatizadas – mas algumas, como Cemig e Copel, permaneceram sob comando do estado. A Eletrobras só passou a ser uma corporation em 2022. Com interesses difusos, e a criação de outras entidades representativas dos segmentos da geração, a Abrage foi perdendo relevância.
A reestruturação da entidade ocorre em momento em que se rediscute o papel das hidrelétricas no setor, a segurança do abastecimento e a transição energética. Outros temas importantes como as GF (Garantias Físicas), a discussão de atributos das fontes, prestação de serviços ancilares e flexibilidade necessárias para segurança do fornecimento deverão ser pautas da nova Abrage, além, claro, da reforma do setor.
“A associação, que tinha muito o foco nas geradoras estatais e trabalhava no contexto de predominância das hidrelétricas na matriz, tem o desafio de se reinventar para continuar contribuindo no contexto atual de mudança significativa da matriz energética, mudanças tecnológicas, desafios climáticos, maior demanda por usos múltiplos da água e alterações dos modelos de negócios que cada vez mais têm o consumidor como foco”, diz uma fonte que participa do processo.
Nomes de peso
Antes de Marisete Dadald, alguns outros nomes foram cotados para presidir da Abrage. A primeira opção foi a atual presidente da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), Elbia Gannoum, que preferiu continuar no cargo. Depois, o ex-diretor geral da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e atual diretor financeiro de Itaipu, André Pepitone; e a ex-conselheira da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), Rose Santos, foram cotados para a função.
Marisete também foi cobiçada para presidir a Abradee (Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica), mas preferiu a nova Abrage. Ela está atualmente no conselho da Eletrobras.
Reação do setor
Para Elbia Gannoum, da Abeeólica, Marisete foi uma excelente escolha: “Recebo com muita alegria a notícia. É muito importante essa renovação, a mudança de estratégia da Abrage, porque as hidrelétricas são muito importantes para a transição energética e para a posição do Brasil nesse contexto de liderança, e precisam ser valorizadas”, disse Elbia.
Segundo a CEO da entidade dos ventos, as hidrelétricas precisam ser corretamente precificadas. “Há muito se discute a necessidade de repensar o modelo de preços e de operação e esse é um desafio importante que ela vai enfrentar, mas não existe pessoa melhor hoje para ocupar essa posição. A experiência, o relacionamento que ela tem na indústria, eu tenho certeza de que ela vai fazer da associação um grande sucesso”, afirmou.
Para um executivo de uma empresa associada da Abrage, que preferiu não ser identificado, Marisete Dadald é “uma das poucas pessoas que conhecem bem o setor, é focada em solução, além de ter um bom trânsito institucional”.
