da Agência iNFRA
Um misto de inquietação, desarranjo pós-pandêmico e forte aumento de demanda. Assim, Diogo Piloni, secretário nacional de Portos do Ministério da Infraestrutura, definiu o cenário que o painel “Competitividade no Mercado de Contêineres” discutiu no Summit Portos 5.0, realizado na última quinta-feira (21).
De acordo com Piloni, o setor portuário brasileiro está especialmente aquecido. Em 2020, houve crescimento de 4% de movimentação nos terminais portuários. E, somente entre janeiro e agosto deste ano, o índice é de 9%.
“Mas se focarmos a movimentação por contêiner, o crescimento no mesmo período é de quase 16%”, destacou. “Em específico, o porto de Santos (SP) ostenta a marca de 3,6 milhões de TEUs (Twenty-foot Equivalent Unit, ou unidade de medida de um contêiner de 20 pés) neste ano, com expectativa de fechar 2021 com quase 5,5 milhões.”
Porém o secretário entende que o setor portuário brasileiro ainda precisa de impulsos, e destaca importância do projeto de estímulo à cabotagem. “Quando a gente discute BR do Mar, também incentivamos o mercado de contêineres do Brasil.” Piloni também indicou que a consulta pública para desestatização do Porto de Itajaí (SC) deve ocorrer até dezembro.
O convidado internacional da mesa, Leo Huisman, head of Latin America Terminals da APM Terminals, concordou com a avaliação de inquietação no cenário mundial, causado principalmente pela pandemia de Covid-19, o bloqueio do Canal de Suez há alguns meses e a recente crise de falta de caminhoneiros no Reino Unido. Assim, apontou que o mundo também tem gargalos logísticos, não apenas o Brasil.
Ele apontou ainda que, por vezes, a visão dos brasileiros é de que o país só tem problemas, o que, para ele, não é verdadeiro. Huisman entende que o país tem ambição e que é como “um motor que está começando a entrar em ebulição”. Ao finalizar sua participação, deixou um apelo.
“Estamos passando por um momento importante no porto de Santos. Queremos expandir as nossas estruturas. Então, autoridades, por favor, alinhem-se. Quando apresentarmos nossas propostas, que a avaliação seja realizada mais rapidamente. Queremos ver as palavras transformadas em ações. Eu estou muito confortável com o Brasil, porque vejo um potencial gigantesco para conectar os exportadores brasileiros com o mercado global”, comentou.
Bruno Martinello Lima, secretário da Seinfra do TCU (Tribunal de Contas da União), disse que entende a percepção de que o país ainda tem entraves burocráticos, mas destaca que as instituições têm se transformado rapidamente, atuando com mais diálogo e menos poder de polícia. E complementa dizendo que a ideia de burocracia, por si só, não é necessariamente um problema. O revés é a burocracia inútil ou sem sentido. Para ele, os procedimentos em vigor garantem estabilidade, que também é um requisito para a segurança jurídica.
Sobre o setor de contêineres em específico, Alexandre Barreto, especialista em concorrência e ex-presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), avalia que esse mercado possui efetivas condições de concorrência. “Do ponto de vista da autoridade antitruste, trata-se, sim, de um setor em que, sobretudo, há uma concorrência que funciona muito bem.”
Flávia Takafashi, diretora da ANTAQ, integrante da mesa, revelou que o grande desafio da agência é promover a concorrência, o aumento da eficiência e contribuir para que tanto o setor de contêineres como toda a área de transportes aquaviários sejam cada vez mais dinamizados.
O Summit Portos 5.0 foi promovido pelo Grupo Tribuna, com a Agência iNFRA como media partner e apoio da TiL (Terminal Investment Limited) e da APM Terminals, além do apoio institucional da Frenlogi (Frente Parlamentar Mista de Logística e Infraestrutura), do IBL (Instituto Brasil Logística) e da Abeph (Associação Brasileira de Entidades Portuárias e Hidroviárias). Assista à íntegra do evento neste link.