Dimmi Amora, da Agência iNFRA
O estudo que a ABCR produziu sobre o descolamento de preços de insumos em relação aos índices de inflação está servindo de base também para outros setores, dentro da Aliança para a Infraestrutura, que reúne associações setoriais da área de transportes. O presidente da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), Fernando Paes, disse que as concessionárias do setor começaram a sentir os impactos ainda durante a pandemia.
Custos de produtos essenciais para implantação de vias ou a manutenção delas subiram em valores de mais de 50% acima da inflação, num período em que boa parte das concessionárias está com pesadas obrigações de investimentos decorrentes de leilões e renovações de contratos, citando as obras da Ferrovia Norte-Sul, Malha Paulista, Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) e Fico (Ferrovia de Integração Centro-Oeste).
Segundo Paes, uma ampliação de prazos de obras dada pelo Congresso pelo período de pandemia não será suficiente para o equilíbrio desses contratos e será necessário atuar com urgência devido à outra crise que já começou.
Fluxos deficitários
Ele lembrou que os estudos feitos pela Tendências foram com dados até o ano passado, ou seja, não estão captando a crise atual de preços causada pela guerra na Ucrânia, especialmente com os combustíveis. Para Paes, os desequilíbrios com a Covid-19 já podem ser bem mensurados. Mas os da guerra, ainda não.
Apesar disso, os impactos dos efeitos dos preços no período de guerra já podem ser sentidos. Segundo o presidente da ANTF, o aumento do custo do diesel – um dos principais custos da operação das ferrovias – está trazendo novos impactos para o setor, ameaçando inclusive alguns fluxos de transportes que passaram a ser deficitários.
“Vamos pedir para a agência atuar o mais rapidamente possível para que não se tenha o estrangulamento de algumas operações ou até de concessões, no limite”, disse Paes.