Gabriel Vasconcelos, da Agência iNFRA
A Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) aponta em estudo que os investimentos no estado ligados às indústrias de petroquímica e fertilizantes podem ultrapassar os R$ 25 bilhões no horizonte até 2030, com base em projetos mapeados na região.
A estimativa consta no estudo “Petroquímica e Fertilizantes no Rio de Janeiro 2025”, publicado nesta quinta-feira (4) pela Firjan. O estado é encarado como hub estratégico para ambas atividades e alternativa para reduzir a dependência de importações do país.
Segundo a Firjan, o gás natural, com a expansão da capacidade de escoamento do pré-sal, será o principal diferencial competitivo do estado, impulsionando a expansão da capacidade petroquímica já existente e atraindo novos projetos de fertilizantes. Fala-se em “condições únicas”, que incluem, para além do gás, capacidade e logística já instaladas, além de um ecossistema de P&D (pesquisa e desenvolvimento).
Braskem
Na petroquímica, um dos destaques é o projeto Transforma Rio, da Braskem, que prevê um aporte de R$ 4,3 bilhões. Esse investimento, um dos maiores anunciados do setor químico e petroquímico nas últimas décadas no país, visa à construção de um novo cracker para processamento de etanol e a ampliação da fábrica de polietilenos (PE), em Duque de Caxias.
A expansão eleva a capacidade produtiva em 230 mil toneladas/ano, com potencial para gerar cerca de 7,5 mil postos de trabalho diretos e indiretos na fase de construção. Quando em operação plena, o projeto pode reduzir em 24% a importação nacional de polietileno.
O projeto é viabilizado pela chegada de mais gás natural do pré-sal pelo gasoduto Rota 3, processado na UPGN (Unidade de Processamento de Gás Natural) do Complexo de Energias Boaventura, em Itaboraí (RJ). Os projetos do complexo partem do conceito de petroquímica integrada ao refino.
Fertilizantes
Em fertilizantes, o Porto do Açu, em São João da Barra, no norte do estado, avança com projetos de logística integrada e uma unidade de fertilizantes nitrogenados para produzir 1,38 milhão de toneladas de ureia e 781,5 mil toneladas de amônia por ano.
O Porto já investiu aproximadamente R$ 200 milhões em uma unidade misturadora de fertilizantes, com previsão de operação para março de 2026. O Açu também aposta na produção de fertilizantes de baixo carbono, como amônia verde, a partir de hidrogênio obtido via eletrólise da água.
Já em Macaé, município também no norte do Rio, há projeto para instalação de uma fábrica com capacidade de produção de 1,8 milhão de toneladas/ano de ureia.
O estudo da Firjan aponta a vulnerabilidade do Brasil na área de fertilizantes, visto que, hoje, mais de 85% da demanda é suprida por importações, e a ureia é 100% importada. “Essa dependência expõe o agronegócio a choques geopolíticos e volatilidade cambial”, aponta a gerente geral de Petróleo, Gás, Energias e Naval da Firjan, Karine Fragoso. O PNF (Plano Nacional de Fertilizantes) visa reduzir essa dependência para percentual entre 45% e 50% até 2050.








